Enquanto
se remoía no salão as ideias mais estapafúrdias, Dá, saiu a respirar, no quintal, um pouco abandonado
do sobrado. Algumas ervas estavam cortadas por ela que pastava e comia a
ração diária. Um cocho de comida, outro
d´água. Estava deitada ruminando, de ubre túrgido. Ele a tocou, em cada teta. Ela pareceu gostar, túrgido também ficou. Ao repuxo das tetas, branco leite esguichou
cálido sobre suas mãos, umedecendo-as delicadamente. Ouvia-se o burburinho, mas
não se podia distinguir vozes. A mão se insinuava entre as tetas. Um fogaréu
tomou conta do corpo. Maravilhado. Quanto tempo, mesmo presentes corpos lindos,
não acontecia. Perder a oportunidade, não podia, nem devia, apenas cuidar. Não
ser pegado nesta função zoofílica. Ânsia e medo de denunciar sua parafilia. A
mão nas tetas escorregava lentamente até a xiranha intumescida e quente.
Suavemente o vai e vem e o balido suspirado misturado às vozes vindas das
varandas. Cuidar, que venha logo, que não venha
um curioso atrapalhar. Jogar sal no fogo espantar o azar. Onde está o
fogo? Cadê o sal? Se sair daqui amolece, e adeus saudade. Melhor continuar,
mesmo que arriscado. Um friozinho bateu no espinhaço, quando chegou à copa
beber água. Cantarolava uma canção não quero ser carneiro nem a ovelha
tosquiada do peão. Vozes, vozes se
misturam ao grito. Horus, vai é tarde, horas de te recolheres à tua morada. Uma mulher divinal apareceu, seu rosto transbordava alegria, trazia na cabeça um disco solar, ornado de dois chifres em forma de lira, seu corpo esguio era-o de mulher e de uma vaca, pintada de estrelas. Horus, se aninhou no seu colo e adormeceu.