Estou matutando com meus botões, Zé. O quê? A morte de Zé Celso, foi criminosa. Como? Só falta descobrir o quem. E não foi só um cara. Um, nem lá pisou os pés, Zé. Sete e meia da manhã da terça-feira, de quatro de julho de 2023. Dúvidas existem quanto a Nero ter tocado fogo em Roma, quem incendiou meu coração? Inda bem não tinha morrido e a polícia já dizia a causa da morte. Quanta eficiência! A toalha no aquecedor quem ateou fogo? Pobretão infeliz. Vai barracão, pendurado no morro, pedindo socorro. Um dia após a morte, o laudo do Instituto de Criminalística concluía: o incêndio pode ter-se iniciado com o contato de um aquecedor com objetos de fácil combustão existentes no quarto. A conclusão inconclusiva é tão vaga quanto inconsistente. O laudo não diz se o objeto caminhou para o aquecedor, ou se foi este a caminhar na direção daquele a fim de consumar o beijo fatal matador do Rei da Vela. Temos de certo que, nesta fantasmagórica engrenagem assistimos o triste fim do Policarpo do teatro brasileiro. Por fim diz o louvado: o remanescente material de análise fica armazenado neste Laboratório por seis meses, sendo depois descartado como lixo hospitalar. Pobre, Zé. De ti só restou o lixo hospitalar, pois, no dia seguinte foste cremado. Ah, sim! As cinzas, restaram as cinzas. Servirão elas à nova perícia? Não sei, Zé. Vai difícil descobrir a verdade. Tu não voltarás para dizer! A não ser num centro espírita, mas você acha, Zé, que vão te acreditar no que dizes pela boca de um médio? Talvez, nem tu, mesmo, saibas da verdade. Esta gente tem tretas, Zé. Tu, tu eras um inocente, Zé. Tu deverias ter presente. Já houvera incêndio na tua vida. Mas tu, tu, criança de bom coração acreditavas no homem.