Não, Horus, não é hora de ter medo. Aloisio não é leal a seus amigos, eles não te farão mal. Comerás o pão que o mafarrico amassou, cairás da tua escada, mas toma como lição, que lição a queda é, e com ela aprenderás que a ambição tem limites, mesmo que sejas Deus. Aqui, como em teu reino, finito e relativo é o poder. Só a mudança é permanente, não é assim, Heráclito? Assim espera Gandra de seu Portugal amado e a Milu dizendo atrás: Neste dia voltarei pra lá, quando cair Salazar. E digo: só deixo meu Cariri no último pau-de-arara. Aqui, passar uma chuva. A vida lá é ruim, quando não chove no chão, mas se chover dá de tudo, fartura tem de montão. Temer? não temo não, voltar? quero voltar pro meu sertão. Agora, vestir uma camisa listrada e sair por aí, um canivete pro fumo e um pandeiro na mão, faço minha batucada, faço muita confusão, pois quem tem aquilo tem medo, pressão, não aguenta não. Meurimão, deixa de lera, sai daí, deste lugar, se tu sai com tuas pernas, inda podes trabaiar, se pelos outros enxotado, como é que tu vai ficá? Conselho sábio, o do povo, se principia a pensar. Eu tenho medo, quem não tem? Enraivecidos, quem controla? Morrem mil, mil e um nascem. Vida, viver é como água em pedra. Fura.
Continuação no livro NOITE EM PARIS, breve nas livrarias.
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