quarta-feira, 17 de abril de 2024

            


         

                      Tudim, fim de mundo. Sodoma e Gomorra. N’água, inda sobrou gente, quero ver neguim se salvar nas chamas. Ver? As labaredas vão assar todo vivente, Mancambira. O derradeiro, Didi, o derradeiro.E vai ser tu, Zé? Oxente. Vejo quem antes d’eu. Grande coisa! E ninguém pra contar, Zé? Aí é dureza, tem de ter alguém. Se eu pudesse escolher! E quem seria, Zé? Sei lá, você. Eu, Zé? Não tem graça, já sei. É. Ninguém. Melhor morrer logo, assim não sofre. Céu e inferno, será que mesmo? E quem sabe, Mancambira? Na dúvida, melhor viver o agora, porquê depois, já era. Vontade? Faça, agora. Amanhã será tarde. Você quer fazer e não pode mais. Relembrar o perdido é dor que se renova. E é mentira, Zé que a gente não se arrependa do feito e do não feito. Arrependimento todo mundo tem. E eu conto mais de mil. E isto,  dói. Isto dói.

                                               

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