Silvio, meu nego, te conforma, graças dá, por inda estar vivo. Mundacho torto, dizia Teodoro, frade, baixo profundo, do coro da Piedade. Mundacho muito torto, volta à inquisição. Quem, hoje. Muito estranho, havia muita gente, lembro da mão dele nas minhas partes íntimas. E ninguém viu, Terta? Constituição, coitada. Não está valendo uma folha de papel pardo, Mancambira. Todos iguais, ante lei. Não, se o acusado for homem e a mulher, acusadora. Esta é mais igual, aquele, menos; palavra d’homem não vale o descomer do cão; assegurada a todos a presunção da inocência. Basta, porém, seja o acusador, mulher. O homem será atiçado no quinto dos infernos. E ai de quem tentar socorrê-lo. Terá o mesmo anátema que teve Espinosa; é assegurada a ampla defesa, o contraditório e o devido processo legal, não, porém, se o acusado for homem e mulher a acusadora. Adeus, Constituição, nem defesa, nem contraditório, nem devido processo legal. Defender o quê, se a palavra daquela tem peso de ouro e a do outro, peso nenhum? Insolência em arguir o devido processo legal, o processo somos nó; não haverá juízo nem tribunal de exceção. Não, entretanto, se mulher acusando homem. O povo se arvorou em juíz e tribunal; o judiciário abdicou do poder de julgar e passou a ser órgão homologador da sentença popular. Hoje, Frei Teodoro, muito difícil ser homem, como bem diz. você, no romance Noite em Paris.
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