É, é como sempre digo aqui, Mancambira, e, vocês quebram pau no ouvido. O gajo bem comportado nunca é uma boa notícia. Ninguém, dele, quer saber uma linha. Fale-se dele e neguim logo pergunta. É por falta de assunto? É como aqui, em Capela. Se Tenente, o doidim, montado em seu cavalo de pau, não aparecesse; se Zé Canário, sacudindo seus fedidos mulambos, demorasse de vir; se Tico Doido de Patrocínio, enfurecido e escumando a boca, se enterrasse em sua roça; se Zé Teiú sem pisar os pés na rua, se escondesse debaixo da saia de Rosalina; se o carro de Léo, entupido de gente, sacos de mamona, milho e feijão, capoeiras de galinhas e caixotes d’ovos embalados em samambaias, subisse, sem enjoar, a ladeira do prédio; se Maria Cagona, chamada por apelidos, não arribasse a saia, mostrando, sem calçola, onde estava a ferrugem; se Lourinho de Alexandre Gomes não sumisse de vez em quando, obrigando toda Capela procurá-lo; se não houvesse cantadores de emboladas, martelo e desafios nos sábados dia de feira; se não existissem os Duardos da Pedra Bonita para beber nos dias de feira e brigar com todo o mundo riscando o chão com peixeira; e, sobretudo, se não fosse Zé Danié, ator, palhaço, poeta e contador de histórias dos melhores pra fazer o povo rir; ah, Capela seria uma tapera, um cemitério, um campo de pós guerra.
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