Lixo, Mancambira, não é problema e sim, tu, Mancambira! Eu, Didi, por acaso, sou eu que faço os alfurges nas ruas? Tu, aqui, Mancambira, e teu irmão e teu vizinho, e todo mundo. Cisco anda, Zé? O homem, meurimão, o homem, eis e questão. E antonce? Lei em riba. Lixo na rua, crime. Quem jogou que pague. Cadeia não educa, multa pra o sujismundo. Claro, grade só, não resolve; gaiola, multa e trabalho, resolvem. E o governo, onde fica, Didi? A lei é pra todos. Os governantes cometem crimes se deixarem de dar um bom destino para os monturos. É riqueza ignorada, há-de ser aproveitada. A reciclagem, você me disse, menos econômica, que a matéria prima. Mas aí, cabe o subsídio do governo em nome do meio ambiente. Salvar o mundo, todo investimento é pouco. Como fazer então, Didi? O metal pra forjarias e construção; o vidro volta ser vidro; o plástico, plástico de outra natureza química; como impermeabilizantes para agricultura; em barragens subterrâneas; como aderem bem ao concreto, em muros de contenção de águas marinhas e fluviais, inibindo-se inundações; e, por incrível que pareça, medicamentos. Sim, já se conseguiu modificar a bactéria escherichia coli e transformar o ácido tereftálico do pet em hidroxianilida princípio ativo do paracetamol. Falta, Mancambira, apenas vontade política, Mancambira. É, falta tudo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário