quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

FREDIE MERCURY, ALIÁS, FARROKH BULSARA

                                         











                               
                                 Cabula, no quicongo, lugar de afastamento dos males, local onde se jogam os males. Encabular-se, encher-se de males, ou pensar que o está. Pode-se encabular por razões varias ou nenhuma, aparentemente. Assim, amanheci, sem qualquer razão, aparente. Toca o interfone, encomenda na portaria Buscam-na. Volumoso embrulho, mas leve. Vejo o remetente. Abro-o, sofregamente, rindo. Que louco. Para você, Didi,  pôr entre as pernas,  já que nada tens entre elas. Um gozador, o Faruque de Zanzibar. Vasco da Gama, o primeiro em tua terra, sabia?  Ah, sim? Não sabia. Um travesseiro, algodão egípcio, entre pernas, amenizar coluna. Aí, não mais troça, generoso. Males da capoeira, dança, esportes. Me quer dançando um espetáculo, tocando berimbau. Digo que não, diz que sim. Estudar como, tem de acontecer, diz. Intimidado, voz e energia. Intimidam. Ri, a boca cheia de dentes. Tu, incomum.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019














                                    Ball cat não é o que você está pensando, Aloisio, é exatamente uma bola e um gato. Quando você vendeu a terra de Urbino para o Arlindo você não veio com gracinha.  Foi de verdade mesmo. Espalhou o fake. Urbino perdeu. Este, coitado, apavorado, vendeu, fiado a fazenda. Enxovalhado com o boato. Quem iria me confiar uma questão? Duro o mundo. E acreditar que o homem foi feito à imagem e semelhança de Deus. Os gregos estavam mais certo, os deuses eram feitos à imagens e semelhança dos homens.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

















                                         Dina, de ponta cabeça, n´estreita cama,  seize rue d´Assas, reclama dos flatos. Dormindo, acordam-se os esfíncteres e salve-se quem puder. Jussieu, querendo cem homens com metralhadoras, derrubar a ditadura. O louco do Sertão do Cariri. Caneta, nem pensar, nem mesmo azul. Os pais, um padre e uma freira, revoltados com ou sem porquês. O saber incomoda os grandes e atormenta os pequenos, diziam, vivendo o mundo das trevas, no seu lugar, aos filhos davam, quinze, parece,  tudo para ocupar as mãos, enxadas, facões e foices. Ou um instrumento musical, amainar o calor da noite. O som d´orquestra invadia o Quiriri silencioso,  a mãe toca piano, ele marcava o tempo num pandeiro ou violão. Onde te escondes, se nem nas redes andas? Como será nome no feicebuque? E no tuíte? ah, não tens? E Instagrão? Aparece, rapaz!

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

             











                                               
                                             Ount grr Kibera zip opa vasco Cinderela Hamlet se encontra com Cinderela no Kibera. Logo marcaram uma viagem a Phnon Pen, a Panomping dos romanos. Var buriti Lena Soderberg Dhafer Youssef poranga piranga guarapiranga ude domani eu voui Lina Vanessa Medina Vásquez pariu seu pequeno Gerardo com exatamente cinco anos sete meses e vinte dias no dia quatorze de maio de mil novecentos e trinta e nove quem te fez tanto mal minha bambina? Quem, o pai de teu Gerardo? mondo, il mondo, imundo. Dimenticar, tirar da mente, te faz bem. Faz-te bem minha sorela. Via-se parte do seio por uma fresta na blusa rosa. Um chapéu negro, mais uma touca, coberta por uma rede de fios negros finíssimos. Olhos claros, diria, amarelos, nuncavistos. Fitavam o infinito. Nus, nuca e espaldas.  Dhafer Youssef, seu alaúde embalando a noite. Mundo, oh mundão quão dessemelhante e no entanto igual.

domingo, 24 de novembro de 2019

FLAMENGO ATÉ MORRER











                                     
                                       Uma vez flamengo, flamengo até morrer! de fome, só se for. Lá vem o do contra. Hay gobierno nesta tierra? Soy contra. O cara é contra tudo. Gente, vamos cantar, beber, comer, chorar. Alegria, Alegria. Idolatrar time de futebol é permitir, calado,  que te deem uma dose de cocaína. Antes, Igreja, distraimento, agora. Manter o jugo, sempre haverá como. Sofisticação, crescente. Saídos das favelas, jogadores contra favelados, jogam. Por quê   silenciar? Aceitar biscoitos? E o circo que nos dão? Pão, pão, circo, circo. Não só de pão vive o homem.

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

GUGU
















                                           Desce daí, Guga, que tu não é mais menino para andar numa altura desta. Que nada, rapaz, vaso ruim não quebra. Moço, não brinque com a sorte, e se o vaso for bom? Ai, ele quebra e é sinal de que sou um cara bom. Eu sendo você, não me aventuraria a andar numa altura desta. Vai que dar uma tontura, uma escorrega e aí? Tu medroso mesmo, eu me sinto como um garoto de 20 anos. Sentir é uma coisa e ser é outra. A cabeça pede, mas o corpo não ajuda. Eu duvido que você fizesse isto no Brasil. Mas lá não precisa, lá gente pra tudo e depois eu preciso exercitar o corpo. Exercitar, sim, não, arriscando a vida. Se tiver de morrer, plaboy, até numa cama se morre. Não dê chances ao azar, Guga. Que azar, árabe fatalista. Depois não diga que Santo Antonio lhe enganou. Eita sujeito supersticioso e é materialista! Bom, vou preparar um drinque, desça logo daí. O que você quer beber? Caipirinha de Cabeceira do Rio, a de Utinga, que você trouxe, seu nojento, só falta um pouquinho. Tu, pirralho já subiu em pau? Já roubou goiabas no quintal de Rosalina? Nunca me esqueço, Vade de Piroquinha, o manguá comendo e ele se cagando. Tome-lhe reio.  Que história, subir em pau. Isto só vocês, do interior. E de goiabeira, é com  Damares. Quem subiu, mesmo, no pau da goiabeira? Foi ela ou  Jesus? Ha, há, há. Vai fazer logo este drinque, quero tomar aqui em cima, está até distraído. Não, se for pra tomar aí em cima, não faço, desça logo, ou eu não faço. Tá bom, tá bom, medroso. Desce daí, a caipirinha tá um ouro. Quando acabar aqui, vou cair matando. Trouxe também uns mocós, para tira-gosto. Nunca ouvi falar. É um roedor silvestre, mas eu crio lá na roça. É super gostoso. E o IBAMA permite? Sim, com licença. Acho que a única maneira de preservar os animais é domesticá-los. Fora disto, será a destruição total. Me dá uma lasquinha dele aí, experimentar. Bicho, que delícia. Desce e vem comer mocopinga. Põe aí uma daquelas chulas do sertão. Quero ouvir daqui. Aaaaiii. O que foi rapaz? Corre Rose o gugu caiu lá de cima. 

terça-feira, 19 de novembro de 2019










                                          Oh! bendito o que semeia
                              Livros, livros a mancheia
                              E manda o povo pensar...
                              Vozes gemem na praça.
                              Gazes, Pachamama chora, 
                              Cegam seus filhos.
                              Jallalla, jallalla.
                              
                          

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

REQUIEM PARA BOLÍVIA

                                 
                                 
                                    Nós somos um só. Que um só, rapaz? Cada um é  cada um. Não dizem, cada cabeça um mundo? Como ser um só? Que você acha, Macambira? Rapaz, fica difícil. Que a gente se parece muito, parece. Eu conheço meio mundo de meu Deus e vejo muita gente parecida. Se parece o corpo, há-de de ter quem tem alma parecida com outra. Mas é doido, mesmo. Quem tá falando de alma aqui? E não? você não disse, cada cabeça um mundo? Isto não é alma. Alma, burro, mente, cabeça, tudo a mesma coisa. Mas, que doidura vocês estão falando aí? José de Nazaré, chegando,  com sua fama de homem mais sabido de Capela do Alto Alegre, Rosalina Gomes, de João Teiú, de Maria Cagona, de Tenente, de Zé Canário, de Zé Mancambira, Tico doido e outros bichos não menos famosos, que se se for nomear  tem de escrever um livro. Quando ele falava, diziam, os outros abaixavam o rabo. Nós tá falano aqui do gorpe na Boliva, gritou Zé Pretim. Sai, do meio, Zé Pretim que ainda falta muito pra gente. Pois os caras não derrubaram o Evo? Quem? O Evo Morales, presidente da Bolívia. Ah, foi, disse Zé de Nazaré, caneta, que não era azul,  n´orelha, cofiando o bigode. Camacho rima com capacho, fala de um mais exaltado. Vejo, revejo-o. Juntos montando a bicicleta do Les Cracks, o filme de Joffé. Rindo de Bourvil, seu nariz, também  discriminado por seu nariz aymará. Como imaginar, tarde no tempo, o aimará ser atacado, pelo nariz, sua identidade. Plástica, modificar o ancestral nariz. Assim é o vencedor, ataca o que mais nos identifica.

quinta-feira, 7 de novembro de 2019







                               Alfurja é o mundo. O meu, carrego num alforje. Alferes, levo a bandeira da paz. Tranquilo, degustar meu alfajor. Gozar de minh´alforria, inda que d´algibeira vazia. Na cálid´almedin ouvir, do vendedor, o pregão do alfenim. Olha o alfenim, mininin, vem comprar, vem comprar o alfenim. Capela do Alto Alegre, Abelardo de João de Nézinho, o alvanel, canta, estucando um muro. Ver passar, do alcácer vindo, o alarife, alfanje à cinta, cavalgando o alfaraz em seu caminho  para a oficina. Longe vai em Capela. Mané Gonsalves faz sua casa. Rua Nova. Nunca vai achar o dinheiro que está gastando. Era o comento.

terça-feira, 5 de novembro de 2019

GLOBO CONTRA BOLSONARO?














     

                                       Horus tem estado macambúzio. Seus personagens estão em constante desavenças. Brigam pelo momento que passam hoje. Uns apoiam Messias, outros o desapoiam. Na briga entre ele, Messias, e Globo, há até quem torça pelos dois. Argumentam. O assistencialismo adormece, Messias desadormece.   Desaprovo o homem, mas aprovo a política. Nos levam à revolução, diz um. Por isso,  não se o combate totalmente, diz outro. A lei Rouanet, desviada de seu objetivo, incentivar os novos artistas. Na briga entre Globo e Messias, torço pelos dois. Num duelo, os tiros podem sair ao mesmo tempo, e, morrerem ambos. Palavras, doutro. Olorum valei-me.  

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

CANETA AZUL, AZUL CANETA





                                              Vamos  pressionar Deus Carmo para chamar Manoel Gomes pro nosso lado. O povo unido, jamais será vencido. Como gosta de um jargão, o Zé Povinho, pensou, Didi, mas, caluda,  não se indispor com os outros. Precisa ver quem está com a gente. Não me ponham neste bolo, eu fico neutro. Epa, epa, saia desta cara, quem é neutro sempre está lado mais forte. Você tem de se definir. Eu não quero me decidir. Então saiba que é nosso inimigo. Qual é a briga aqui? Exigir do autor a publicação da caneta azul. Queremos o Manoel Gomes como colega, personagem do romance. Mas que tem a ver este romance com uma simples caneta azul, amarela ou vermelha?  Rapaz, ele pode ser até sobre a noite em Paris, mas no dia ele tem de ser brasileiro, de norte a sul, e, qualquer de nós pode ser personagem. É preciso que os autores saibam que os personagens também mandam, e, por vezes, dirigem, queiram ou não, a ação, o enredo. Eles roubam a cena e o autor se torna um simples escravo. Vamos aproveitar enquanto uns bestas estão preocupados o Evo da Bolívia, a gente faz aqui nossa peleja. Voz aos danados, aos esquecidos, aos jogados nos musseques. Acho que logo, logo, ele estará iguais aos jogadores de futebol, cantando contra o povo de onde ele veio. Também não é assim, tem de se dar um voto de confiança. Você não conhece os poderosos, ele vai se voltar contra o povo, ou por dinheiro, corrupção, ou por intimidação. Nós somos o canal, ou faz, ou não cantará. E aí, você resiste? Muito menos um bocório como ele. Se ele fizer isto, merece nosso total desprezo. Boicotar os shows dele. Boicotar é pouco.Tem de ser um pouquinho mais duro. A mesma moeda, sem dar nem pedir troco. Não cara, as vezes um simples bate-papo o sujeito acorda. Você acha mesmo que um simples bate-papo vai vencer milhões. Um pobre coitado, nem sabe o que está fazendo. Não sabe, aposto que contar dinheiro ele sabe. Já eu, sou totalmente contra a violência. É? Quando cortam a luz ou a água de tua casa, tu é favorável? Tu não chama isto de violência? Tu compra um quilo de carne, chega em casa pesa, só dá 900 gramas, isto é violência? Tu tem a quem reclamar? 

                                Você não acha que está sendo preconceituoso, Umberto? Como, Didi, você acha mesmo que eu, nós temos de elogiar a burrice? Igualar todos a todos? Então, não adiantou levar anos com a cara nos livros. Doenças crônicas com documentos velhos. Adoecer no manuseio de múmias e fósseis. Rapaz, não é isto, falo de quem grita sem ser ouvido, de quem sequer se ouve os gemidos. Sim. E eu falo justamente destes que não se ouviam e hoje têm voz, mais do que nós, porque, enquanto falamos para poucos, eles falam  para toda humanidade e logo nos sufocarão, porque são muitos. Ah, tenho medo, mediocridade, apavora.

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

MC GUI
















                                            Tá todo mundo chateado porque,  até agora, não havia falado nada do MC Gui. Como falar de tudo o que acontece neste mundo de meu Deus? Mondo cane, mundo imundo. Costinha Jururu, cuja língua, quando morrer, terá de ir em outro caixão, foi o primeiro a reclamar. Como tu deixa o cara zoar da menina? Câncer, acredita ele, ser imortal? Zé Manoel, que matava a contra-gosto, negros n´Angola: "Se encontrar este gajo, juro que lhe arranco a língua e o boné, nunca mais ele vai inticar uma criatura". Nem ligue, Gui, Zé Manoel, depois que veio d´África, não mata nem barata? Mandam-nos a matar àqueles gajos que nunca vimos, nem mal algum nos fez, gente que, se não fossem as balas, poderia até nos abraçar. Quem ficou curiosa foi Nanã, queria a todo custo que se dissesse quem era este tal de Guigui, que não ouvira falar. Foi um trabalho para explicar que o nome do cara não era Guigui, mas, Mc Gui. Que pobre é que tem apelido assim, Guigui, Didi, Titi. Hoje, rico, ou quem se acha rico tem apelidos estrangeiros. Hoje, Antonio não é mais Tõe e muito menos, Totõe, agora é Tony. Ai de quem chamar um Pedro de Piroca. Palavrão dos grandes. Outro dia cheguei em Capela e disse que queria ver D. Rola e quase apanhei. Não que ela era hoje, respeitosamente chamada de Dona Senhorinha. 





                        
                               
                                      

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

MENINOS, EU VI















                             Meninos, eu vi. Na catinga e favelas,  guerreiros  errantes, outrora pujantes do povo tupi, meninos eu vi. 
                                            
                            No meio das tabas de amenos verdores
                            Cercadas de troncos - cobertos de flores
                               Alteiam-se os tetos d´altiva nação;
                            São muitos seus filhos, nos ânimos fortes,
                            Temíveis na guerra, que em densas coortes,
                           Assombram das  m matas a imensa extensão.
                           
                           Meninos, eu vi, Manoel Gomes surgir.
                          Meninos, eu vi, em terras d´Arariboia, 
                          Vi guajarara sumir, é Paulino Guajarara.
                          Que o branco tirou daqui.
                            

                            
                                     
                            

sábado, 19 de outubro de 2019

LA SEINE SAIGNE




           




                                
                                        Tu não viste nada au mai 68. Não, tu nada viste em Paris. Estudantes n´avenida, obreiros, também pedras na mão. Tu não os viste. La Seine saigner, tu não viste. Tu não ouviste cantarem frente a frente a Internacional e a Marselhesa. Viste, tu, queimar aquela bangnole? E nos gritar a brasileira de selvagens? O Sena vai sangrar, o Sena vai sangrar. Que proferiu esta profecia? De Gaulle au poteau! De Gaulle au Poteau, gritava eu, gritava a turba. Ah, tu nada viste ainda, neste mundo.

quarta-feira, 16 de outubro de 2019














                                                  Ai mardito dia, quando poderia muito ver os  olhos de Quité, muito mais interessantes que teus cabelos dourados e teu corpo pequenês que o amor não deixara enxergar. Longe, muito longe fui ver o corpo de Brigitte que Jean queria  namorasse, no lugar de Normando. Mas, quem dedilha cordas tem vantagens sobre quem lava pratos mesmo sabendo que poderia ter pela frente mais futuro que um simples cantor e seu violão. Não me maldigo. A humanidade é assim. Já na Grécia enquanto filósofos e poetas viviam vida frugal os atletas tinham vida doce como o mel, graças ao ganho de prêmios e honrarias recebidas pelo resto da vida, alguns adorados como deuses. Não se diga, agora, estranhos os tempos, estes, desde sempre o foram. 

terça-feira, 15 de outubro de 2019












                       
            
                                   kirimurê, eu sempre ia lá,  nem sempre bebia os preços, proibitivos para estudantes, só quem estava fazendo sucesso como Caetano, Gil, Betânia e Gal paravam. Os baba-ovos, alguns mais endinheirados entravam, a patuleia fica de fora amontoados na ladeira da Gamboa, bebericando o sobejo dos drinques dos mais afortunados. Isto depois de ter paparicado um ingresso para uma peça de um global, ou o ballet do Senegal, com suas pretas palpitantes e elétricas. Ela um presente merecer um bon soir de alguma delas, em principio arredias, embora simpáticas. Sassá embê nuar moi deva ju diecui duar quoi faire saramaká astracã corredor polonês cabila

sábado, 28 de setembro de 2019

GRETA THUNBERG








                                  Em andanças nesta plana terra, tive e, creio, ainda terei,  muitas Gretas. Gretas ja, Thunberg, nej. Não de uma noite para um dia, de séculos de subserviência. Nej, nestas, não se lhes haviam diagnosticado nenhuma síndrome de Asperger, TDAH, autismo. mutismo ou qualquer outra arenga que a psico-medicina burguesa engendrou por enfeitar a vida de quem pode pagar por isto. Curtiam as deficiências na enxada, na catana, no pote d´água, no feixe de lenha e tantoutros  afazeres nunca dantes por ti sonhados, minha menina. Oh, quão louco o mundo, cumari devi escolhida. Homem, canso, frágil, sem siso. Afanas o mundo, crias ilusões, atiras migalhas. Suave neném, tu sabes que os escravos dos teus, quando morriam, eram deixados aos cães e aves rapina? Não é verdade Ibn Fadlan? Ai, ai,  vivi para ver. Menina e dois irmãos, sol a pino, estrada Itaberaba  Iaçu, tapando buracos, por alguns trocados. Três chocolates. Nunca tinham comido. Oh, minha flica, tu não sabes de nada. Tu n´as rien vu a Hiroshima. Tu não sabes de nada, tjej. Muitas, doze anos, sem o que comer, já são mães; Tu não viste, embaixo da Eiffel,  ser preso o praça norteamericano, por mijar no túmulo do soldado desconhecido. Jag ska tala om en sak. Fácil, muito fácil jogar pedras na lua, difícil, muito difícil, defender quem só pedras tem pra fazer guerra. Dificil, mycket svårt, defender quem só a vê a luz por uma greta. Quem gretado pela fome, longa e pesada larica, gretas de. Greta, tu não sabes o que é ter greta de larica.

quinta-feira, 26 de setembro de 2019













                                                  Quer falar, apiaba, deixem-no dizer o que pretende. Não tenham medo, não será nenhuma maldição, nenhuma profecia, apenas dizer como sente seu mundo. Aqui, apiaba veio, falar, quer. Boca pra falar, apiaba tem.

sexta-feira, 30 de agosto de 2019













                        Statuario, il pingue Buck Mulligan spuntò em cima alle scale con in mano una ciotola di schiuma su cui giacevano in croce uno specchio e un rasoio. La vestaglia gialla, slacciata, era lievemente sostenuta alle sue spalle dall´aria delicata del mattino. Alzó la ciotola al cielo e intonò:
                          - Introibo ad altare Dei.
                          - Ad  Deum qui laetificat juventutem meam.e
                       E lá vão anos e dores e saudades e dores e saudades e furtivos olhares tímidos pela nave, de gente cheirosa, coalhada, pelo turíbulo incensada por mãos inda virgens do pecado, em Capela iniciado, apenas. Olhar não faz mal, leva ao mal, dizem os freis. Quem poderia dizer, um dia falando de Buck Mulligan e não em Zé Macambira, Tico Doido, Tenente e Zé  Canário? Voltas que o mundo dá,  num retorno eterno? Caminha, rapaz, nós tem de chegar cedo n´Aroeira, vender o quebra-queixo, não fica aí mamparrando, que o sol já está nascendo. No salgado, a areia do riacho, onde se punha os animais pra urinar. Vendo as lagartixas correrem dos pés dos animais. Quando sentem muito medo, fingem-se de mortas para não serem apanhadas. Cada bicho como sua defesa, assim mesmo o homem. Um direito sagrado. Agora corro, Deixo Capela do Alto Alegre, vejo a capela do castelo. Monseur Monet expunha suas telas. Impressionismo, Didi, ele é o mestre do impressionismo. Impressionado, mas alheio, perdido. Pouco ouvira falar. Quanto se tem de aprender. Maman Gabrielle mandava, gentilmente, tomar notas. Primeiro artigo pru  jornal.

quarta-feira, 14 de agosto de 2019














                                     Eita, paizinho. pra ter coisa bonita, a melhor coisa do mundo é sempre aqui nesta territa. tchutchuca, cadê você. Mamadeira de piroca, queres mamar? Tu queres um kit gay? Socorro, Capitão Gay! Um quarto da população sem água! Ih. E as gangues vendendo água no cambio negro. Ih. Na botica ao Paço do Borratém, 21 se vende os verdadeiros emplastos preservativos de Doutor Woloski. Mas nós não precisamos tanto de emplastros, mas de rolhas. No disseram, cagar day in, day out. Salvar o planeta da poluição. Arre-égua, terra de malucos. Na velha Lutécia não existe disto não. Podia até haver muita lama, mas isto não, não é verdade, Júlio César?

quarta-feira, 7 de agosto de 2019















                               Eu havia prevenido. Há mais de cinco anos venho falando, alertando a todos, mas fazem ouvido mouco na sua empáfia. Confundem poder com conhecimento e dá nisto. Disse, berrei aos quatro cantos da terra. A solução é o exílio. Não me ouviram. Se me tivessem ouvido, não teríamos, talvez, o governante que hoje temos. No exílio, havia como lutar, preso não.

quarta-feira, 24 de julho de 2019













                                Eu, plácido, quem me diz que não? Oh, Shitala Mata, quo usque tandem? Acá me recolho e guardo silêncio. Aquele, d´ormertá, quase. Por quê? vivemos tempos estranhos, estranhíssimos. Hoje você fala e fica à mercê da barbárie, que cada um dá o significado que bem quer, e, quando se dá conta, está no meio de uma tormenta e até respondendo a processo. Tempos estranhos, alguém mostra a bunda, dizes algo, esqueces e um dia recebes uma noticia pelo oficial de justiça. Alguém que quer tirar dinheiro de ti. Valha-me, Deus-Menino de Tranças da Flor de Lótus, não permitais abrir mi boca e ser condenado ao escárnio dos tempos de agora. Do croá traço um´ imbira, com ela amarro a boca, com´ Ulisse, ao mastro, pelo canto das sereias. Digo que tenho medo e que não o há-de ter?

quinta-feira, 6 de junho de 2019











                                                       Ele me virou e cometeu o ato. Pedi para ele parar, ele continuou.
                                 Fui para o hotel, ele mandou mensagem, ia para uma festa, mas passaria lá para me dar um beijo. Quando chegou lá,  estava tudo bem, mas ele estava agressivo, totalmente diferente do cara que eu conheci nas mensagens. 
                                      Você sabe o que  fez. Meu primeiro advogado, disse que eu queria inicialmente processá-lo por agressão e não estupro. Oh, mundo que imundo tu és! E eu estou em ti, sem poder fugir, porque fugir de ti é a morte e eu não quero morrer, viver eu quero, aproveitar de ti como outros o fazem. Não? Não posso? Por quê? Existem escolhidos? Quem os escolheu? Me dá esta dica, quero saber quem escolhe. Quero ser escolhida. 

quarta-feira, 22 de maio de 2019

O CASÓRIO














                                Quero pedir minhas escusas por não ter ido ao casamento de meus amigos Carlinhos Maia e Lucas Guimarães. É que, meu piloto ficou doente, e, com estes tempos duvidosos, não tenho coragem de voar com qualquer outro. Anos de convivência nos tornam confiantes e medrosos ao  mesmo tempo. Declinei  de outros compromissos, inclusive, um debate com Aurélien Barrau, para ir a tão badalado casamento e, ecce que, me vi impedido. Não faz mal. Ponho-me, embora sem muita convicção, a pensar como meu Papai Nezinho, meu avô, corroborado pelo outro, Leôncio: Deus escreve certo com linhas tortas. Nunca se sabe o que poderia ter acontecido. As forças ocultas de Jânio nunca devem ser menosprezadas. Depois, me poupei dos chatos. Nestas cerimonias sempre há pessoas, chatas, inconvenientes, lacradoras. Querem tomar para si o protagonismo de qualquer jeito. É o caso do beijo. muitos se disseram decepcionados por não terem visto o tradicional beijo de casamento ou como esta idiotice de querer saber o porquê da avô de Lucas não estar presente. Medium, medium, humanus medium. Até a barba do Carlinhos incomodou. Muitos queriam o porquê. E esta briga com Whindersson Nunes porque se recusou a ser padrinho de casamento? As preocupações, meu deus, agora, sou eu, a perguntar. Por  quê? Bem, não ter ido, não me escusa de mandar o presente. Aposto, muitos vão me perguntar qual o presente. Claro não foram alianças, presente do Tirulipa. Não direi. Se quiserem perguntem a eles. Agora quero paz para jogar meu xadrez e me preparar para o debate agendado com Michel Onfray. Aquele com Aurélien foi adiado sine diae. Imaginem, tem gente me perguntando como eu consigo me concentrar para estudar. Ora, gente, eu estou muito tranquilo e feliz. Hoje, em meu país, reina a tranquilidade. Não preciso me preocupar com nada, nem mesmo com meu pinto, porque temos um presidente que se preocupa até com nossos pintos. É a sagração. Imaginem, você está com um problema no pinto, bate um fio, ou manda um tuíte pra o presidente e na mesma hora ele vem cuidar de nosso pinto. Presidente como este não existe em lugar nenhum. E não é só isto. Adeus invasão de terras, nosso querido presidente autorizou. Entrou em sua terra, pá, pá, pá e pronto. Tá uma maravilha. Quando vou à roça, durmo até com as portas abertas.

quarta-feira, 15 de maio de 2019












                      
                                    
                                 Rapaz, é duro. O que, cara? Esquece moço, não posso revelar o que  me passa pela cabeça. Basta o que já sofri nos anos pós  64. Você não disse que foi pra França e lá ficou numa boa? Que boa rapaz, você já viu exilado algum viver numa boa onde quer que seja? A gente fica numa boa em nossa terra, mesmo comendo o pão que o diabo amassou, desculpa o lugar comum. Eu até prefiro que você fale assim. Não gosto de sua mania de intelectual, falando uma língua que ninguém entende.  Hahaha.

domingo, 5 de maio de 2019




                                               

                                       

                          Mil novecentos e cinquenta e seis, Salvador, onze e meia, mais ou menos, Fazenda Grande do Retiro, Nó-de-Pau, Ladeira do Calafate, Avenida Dona Judite. Quem diria! Capriccio Espagnol, Rimskij Korsakov, irrompe a Alborada com os floreios das clarinetas, Na Polícia e nas Ruas anunciava o locutor, cujo nome não me recordo. Era na Rádio Sociedade, na Cultura ou na Excelsior?  Ele dizia bem claro, à maneira como todos fazem uma locução, todo empolado. O Capriccio ia à surdina. apenas um pano de fundo. O locutor ia narrando os fatos, sem nunca ofender o delinquente.Que coisa, hoje o delinquente é menos que farrapo humano. O tempora! O mores!

domingo, 28 de abril de 2019













                       

                                                    Aquela noite. Mágica, aquela noite, cinquenta e cinco. Até que o frio não estava tão frio. Quantos sonhos! Tinha dito à turma, mostrando uma imagem de uma cidade qualquer no livro de geografia. Vou conhecer isto aí tudo. Um livro estendido à minha frente. Aberto e pronto para ser devorado. Lá em Capela não havia quadrinhos. Os livros, letras e fotografias do mundo.

quinta-feira, 25 de abril de 2019











                      





                                                    Rue de Grenelle, Mario, o angolano, comendo Françoise, eu escrevendo um poema. Algum mal nisto? E Sá Brito? Quando acordou,  sua pia, toda cagada. Você que fez isto, carioca?  Sim. Não dizem que o francês mija na pia? Eu, como bom brasileiro, caguei. Parece piada, não é? Bom violão, melhor cagaião. Mhami, o argelino do restaurante da Alliance Française, tornou-se meu inimigo, brincando, pus carne de porco em seu prato. Que Deus é este que te fecha o céu por um naco de porco? Monsieur Pisani não encontrou nenhuma reticência em mim. A sorte foi o vigia. Non, non, Monsieur Pisani, Sempre antes de sair ele fica um tempo conversando comigo. Foi depois que ele saiu. Há gente, diz Drummond, nasce para ser gauche na vida. Como Jorge, a vida por por 180 reais. Um tiro ao tirar plantão de colega, em assalto no Village Mall, shopping onde se vende uma bolsa por 25 mil reais. Seria eu, também um deles? O arrombador quebrou armários, mas só levou besteiras dos empregados do restuarante.

sábado, 20 de abril de 2019

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                         

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                                                Sangue, eu via muito por todos os lados. Eu por sorte ou esperteza ou mesmo covardia, inda não tinha derramado uma gota. Eu detesto sangue, chego a desmaiar quando vou fazer exame. Mas infelizmente, é quase impossível uma vitória sem sangue. Quem tem não quer ceder. Quando vejo uma barriguinha, tão linda, com aquele tanquinho no umbiguinho. fico louco. Que tentação! Não posso entender como os meganhas têm coragem de bater em pessoas tão lindas. Vi pegarem uma, tão linda, os cabelos esvoaçam sob o sol mortiço. Torceram o braço, empurram-na por cima de troços, derrubaram-na montaram sobre ela e quando conseguiram  algemá-la, estava toda cagada e mijada. É muita loucura.  E o que você queria que eu fizesse?

segunda-feira, 15 de abril de 2019

NOTRE-DAME DE PARIS















                                           Agora  me retei mesmo. Quero saber quem botou fogo na minha Nôtre-Dame. Na sua Nôtre-Dame?  Agora ela é sua? Agora, não. Ela sempre foi minha. Quem leva turista para ela, todos os dias? Que a conhece mais do que eu, para informar ao visitante tudo o que acontece e acontece nela? Quero sim que me descubra que pôs fogo na minha joia. Quem chamem Sherlock Holmes, corram à Baker Street e o tragam nem seja amarrado e de charuto apagado, mas tragam, é urgente. Corram, corram, chamem todos os bombeiros do mundo, não a deixem queimar, é como queimar o mundo, corram. Rapaz, que agonia é esta, deixa que os homens estão cuidando, depois, o mundo não vai se acabar! Não? Não para você, insensível. Ela é minha vida. Não sabia que você fosse tão devoto dela. Devoto? Que devoto, rapaz? Tudo que tenho devo a ela. Você entende?
                              Gandra, onde estás agora? Tu te lembras? Rapaz, se isto aqui pegar fogo, não fica nada. Que nada, pá, aqui nunca pega fogo, é muito cuidado.
                                     Ginka, veja estas gárgulas, lindas e horríveis. Você tinha medo, mas era de mim. De Norteamérica, conhecer Paris. Todos querem conhecer Paris. Jean, onde estás Deglun? Estivemos aqui, vindo da Feijoada, lembra? Quantas pessoas morreram para construir isto aqui. Escravos. Quantos?  Gritos de dor.

quinta-feira, 4 de abril de 2019











         

                             
                                Eu sou tigrão! Eu sou mau-mau. Eu sou tigresa! ai que beleza. Tchutchuca, não, não, não, não. É a mãe, é avó, é mãe. Tchutchuca vai tchutchucar? Txucarramãe, txucarramãe. Sou guerreiro sem armas. Não me importa que a mula manque, eu quero é tchutchucar. Sai daí que a gente que calar boca dele. Foi na Taquara, na Estrada do Curumau, na Boiúna. Assim tá bom demais. E estão dizendo por aí, que ela foi garota de programa em Cuiabá. E quem não foi? Oitenta tiros, oitenta tiros e estão sa lamentando. atirem, atirem. Depois a gente vê. Ordem é ordem, se não cumprirem... Enquanto isso, um Hang de tal ganha 115 anos para pagar seu débito, melhor que isto só tchutchutcar. Socorro, Antõe Cego, Socorro Maria Milza, Santa Sertaneja, tu não curou Daniel Aleijado, cura nós agora. Ah, seca danada, naquele ano. O jeito era caçar mocó nos morros. E tem um cara aí que tem medo de filosofia. Socorro, Patativa do Assaré. Chamaram um outro para pedir apoio, pensando ser muita coisa, mas é caca mesmo. Chamaram-na também, mulher das pernas grandes, mas o célebro, oh, pequeninim! Antes tivesse ficado lá, nem que fosse, eternamente, lavando bosta de francês. Que agonia, me sinto como Vade, tirando tolocos. A Rosalina veia, tu eras o terror de Capela. Socorro, Dr. Baiúca, um salvo-conduto, eu te peço. 

quinta-feira, 21 de março de 2019

     










                                 Eu vi juro não sei se devo usar pontuação ou deixar que vocês leiam de acordo com a respiração de cada um para mim é claro, fica mais fácil não usar pontuação. Pouca gente sabe realmente usar pontuação, eu não tenho certeza que sei. Vamos lá, se der vontade eu pontuo se não vai assim mesmo. Eu rodas, rodas de ferro ou de madeira e as pessoas, muitas, muitas, andando sobre elas num equilíbrio todos dominavam a gravidade tinha pressa de chegar a cidade se tornara longe depois que resolvi cortar caminho era Salvador com certeza mas área rural uma planície extensa um milharal depois parecia batata pensava o tempo na besteira que fizera não fizera quando viu ela o estava sugando que fazer com o amigo (Interrogação) desceu as escadas correndo deixara o caminhão na da sua casa a dele não a minha carregado de laranja de laranja ou de goiaba (interroga) como podia saber (idem) tudo anda tão louco que não sabe mais o que se vê e o que se fala a escadaria não terminava mais não havia uma esquina para dobrar ele talvez o alcançasse a mim (interroga) se houve uma entrada aqui seria tão perto de casa ele nem iria desconfiar de nada mas que diria ele se o visse passar em abalada sem nem olhar para ele (interroga) acho que iria pensar hum este cara fez alguma coisa errada, passar em frente de casa e não entrar (interjeição) poderia ter dito que comprar gasolina como ia trazer na mão não nas bombas agora tem uns sacos plásticos quem bolou isto teve uma boa ideia porque muita gente descuidada ou casquinha anda com o carro na reserva e quando menos espera zipe vai embora a gasolina e o cara fica na mão também neste mundo novo que há muito deixou de  ser novo posto que tanto o bernard marx como o aldoux huxley estão mais velhos que os papiros do Egito e a esta altura caducando como estão procurando um filho de deus que lhes dê o golpe de misericórdia e não encontram porque as pessoas estão muito ocupadas no zape e redes sociais não podendo tirar um tempinho para mandar os suplicantes para a cidade de pé-junto mas queria falar o que há neste mundo já nem sei o que falar sim tem neste mundo tanta coisa nova que o novo pela manhã já é velho pela tarde tanto que nesta minha viagem para chegar em casa coisa que fazia normalmente em menos de quinze minutos a pé passei tantos dias andando de barco de roda de bicicleta de carro de ultima geração e a estradas tantas que me perdi na imensidão do mundo ora andando pelo ar ora andando pelo mar debaixo d´água sem necessidade de respirar ou não que já agora nem lembro como fazia se nadava se andava as outras pessoas que estavam comigo tinham o maior respeito por mim e eu não entendia porque todo aquele respeito e eu ficava desconfiado como o santo que vê a esmola grande. Havia uma meninada, uns pareciam indianos com aqueles dentes para frente, pareciam estarem eternamente a sorrir e falavam  puxando o erre parecia verem em cada um milhões deles e o falar se tornava bizarro com tanto erre havia uma mocinhas de uma beleza rústica, sempre solícitas e sorridentes quanto lamentava a idade porcaria inda têm a desfaçatez de chamarem de melhoridade eu vou dar uma chapuletada num canalha destes que falar em melhoridade na minha frente ora era só subindo ora descendo aquela zoada de ferro lubrificado todos se queixando da demora uns achando que tinham errado caminho quanto sofre o trabalhador para ir trabalhar uma senhora me disse levava quase três horas de percurso ida e volta numa cozinha mas que ela não era besta não todos os dias pegava alguma coisa  Transportai um punhado de terra todos os dias e fareis uma montanha, disse Confúcio ela nada entendeu que estava com os políticos a televisão tinha dito  era tudo ladrão ela acreditava  tinha gente que era pobre e ficou rico ela estava satisfeita porque pelo menos o chefe tava preso  estava gostando muito do novo  muito simpres assinava com caneta bique e não com uma de ouro como os outros e ia trabraiar até de chinelo outra disse sorrindo e divertida trabalhava num mercado e um dia pegaram ela com quilo de carne do sertão dentro da calcinha.

segunda-feira, 11 de março de 2019















                                                          Foi no longe 1961, posse e renúncia de Quadros. Posse de Jango e Kennedy. Yuri Gagárin vai ao espaço e Lumumba é assassinado. Na Baía dos Porcos Norteamérica é destronada. Rico ano. Julita, lá em casa, cai. Febre, dor de cabeça, trevaliando. Meningite meningocócica, disse o doutor do Posto de Saúde e, rápido, a ambulância. Para o Couto Maia, no Monte Serrat. E Julita se salvou, mesmo sem os antibióticos de hoje. Nestes dias, morrer de meningite, ein, Julita?

domingo, 10 de março de 2019













                         
                                  
                                  1964. Que distante. La Feijoada. Claude. Madame Faure. Jean Deglun. Pergunta. Dis-moi. Tu sabes para servem aqueles pães encharcados de  mijo, nos mictórios? Não. Sempre vejo, principalmente no Boul`Mich e no Saint-Germain. Um sorriso sardônico no seu rosto. Mal sabia eu, anos depois. Conheceria um fetiche sexual. Alguém mija na cabeça de outro. como nos pães de Paris. Um presidente me ensinou ao perguntar na sua conta de tuíte. "O que é golden shower?". Pois aqueles pães não são um fetiche? Sim, ali eram postos para serem urinados e depois comidos em sessões de sexo. Loucura? Depravação? Não, humanidade. O humano é, também, isto. Babaquara ele é, de nada sabe. Cara piranga, por quê ficar vermelha, cara sem vergonha? Vida caroba, mas doce no fim.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019












                                 Agora, sim, ele extrapolou. Onde já se viu publicar um poema de uma pessoa que nem personagem é? Acho que está na hora de chamar a todos os personagens à uma assembleia para decidir o que  fazer com este traidor. Um autor não pode sair por aí jogando conversa fora, esquecendo seus personagens, afinal de contas nós somos a verdadeira razão da existência do romance, sem a nossa presença o autor pode chamar de tudo o seu escrito, menos de romance. Que ele não venha pra cá com esta conversa de nouveau roman, de que os personagens são secundários, de que a história não vale nada, de que o homem não é mais o centro do mundo, e todas as papagaiadas de Robbe-Grillet e seus seguidores, que eu perguntar a ele, para que serve esta porcaria de mundo se não for para a gente.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019











                   Meu Porto é velho
            Porque o trataram até ficar assim

             Meu Porto é velho 
             Porque o abusaram até ficar assim

             Meu porto é velho
             Porque abraçou todo mundo que chegou
             Mas não ficaram
             E não ficam
             Chegam bem da água
             Cospem (n)as águas

             O sentimento de pertence
             Que não o pertence

             De tantos imigrantes
             Um ciclo exploratório
             Seguido de outro
             De ouro
             De  outro
             Do outro...

             Meu Porto Velho
             É um Brasil 
             Dentro Brasil
             Com exploradores
             Importadores de outros estados      
             Que o dominam sem pertencer
          
            Seus índios são eleitores saudáveis
            Que em políticos médicos
            E deixam seu povo doente

           Meu porto não é tão velho assim
           Mas basta! Basta de exploração!
           Meu Porto? Reflexo do Brasil
           Onde o povo começa habitar esgoto
           Por causa de político escroto
           Que ainda faz do país colônia
             
          Meu porto, que no nome tem 'velho'
          Ainda é novo, lhe permitam errar...
          Tantos anos de in-de-pen-dên-ci-a
          Sem a decência de lhe deixarem acertar?

          Brasil dentro de Brasís
          Que por falta de memória
          Lhe roubaram a história

          E faz do povo escambo
          Ao invés de heroico
          E o sol, que deveria de liberdade
          Que deveria acordar
          Parece cegar mais
          Os que ainda dormecem

         Mas tudo bem... Quem nunca falou mal?
         Nascendo, crescendo, vivendo aqui?
         Mas tudo bem, o patriotismo é mais bonito pra estrangeiro ver
         Afinal, fomos criados com a ideia
         De que o que é de fora vale mais
         Mais bonito, mais bem feito
         E satisfaz

         Um dos motivos da luta
         (E sim, ainda há resistência)
         É dizer
        Que mesmo não nascendo aqui
         'Sou beiradeiro sim'
        E que não o pertencer
        Meu bem, é só ir embora
        Porque um dia o rio chora
        Mas no outro dia ele sorri... 
                                                     LUCIANA REBOUÇAS