quarta-feira, 14 de outubro de 2020

 





 

              

   

                              Mal andava e já falava tudo. A mãe queria que o registrasse, o pai soube e veio para me matar. Que posso fazer? Apareceram vários micos na mangueira, eu os chamava para brincar o menino. Eles entendiam a criança e a criança a eles. Alfredo deu cachaça a ele e eu fui responsabilizado por isto. Ela, a mãe, não sei porque diz ter-se apaixonado por mim. Como explicar isto? Vejo-a dentro do carro me acusando, dizendo que iria tirar a paternidade de mim, inda que me amasse. Eu corri atrás do carro, eles não pararam e tentei voar para alcança-los, não conseguia. De repente estava em lugar alto, muito embaixo o mar, ou um lago, não sei,  pensei em voar e tive medo,  cair e não saber nadar. Saberia nadar?  Angustia, se cair, talvez os peixes não  me deixem afogar-me, me comam antes da agonia do afogamento. Vi patos, gansos, socós, marrecos, paturis. Azul. As asas pareciam se soltar. E se os peixes não me comerem antes, muito ruim, não quero morrer afogado. Antes um aljube, ínfimo que fosse, havia um parlatório. A casa, um prédio mourisco, não era aqui, quero dizer, em Salvador, ou se fosse, desconhecido. Muitas mulheres, lindas, não como aquelas vulgares da noite anterior, com os irmãos de Izidório. E o menino não queria ficar com ninguém, somente comigo. Ciúmes da mãe. Que eu o tinha enfeitiçado, mas dizia gostar de mim, mesmo assim. Doideira. O zape tocou, não quis atender. Insistiam para que eu atendesse. Queriam saber quem era. Privacidade, já era. Estranho mundo, até a terra ficou plana. Mundacho torto, no lugar de velas, pólvora. No lugar de cofre, cueca. Porqueira de mundo veio. Sem porteira, nem porteiro.







                                      

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