domingo, 28 de abril de 2019













                       

                                                    Aquela noite. Mágica, aquela noite, cinquenta e cinco. Até que o frio não estava tão frio. Quantos sonhos! Tinha dito à turma, mostrando uma imagem de uma cidade qualquer no livro de geografia. Vou conhecer isto aí tudo. Um livro estendido à minha frente. Aberto e pronto para ser devorado. Lá em Capela não havia quadrinhos. Os livros, letras e fotografias do mundo.

quinta-feira, 25 de abril de 2019











                      





                                                    Rue de Grenelle, Mario, o angolano, comendo Françoise, eu escrevendo um poema. Algum mal nisto? E Sá Brito? Quando acordou,  sua pia, toda cagada. Você que fez isto, carioca?  Sim. Não dizem que o francês mija na pia? Eu, como bom brasileiro, caguei. Parece piada, não é? Bom violão, melhor cagaião. Mhami, o argelino do restaurante da Alliance Française, tornou-se meu inimigo, brincando, pus carne de porco em seu prato. Que Deus é este que te fecha o céu por um naco de porco? Monsieur Pisani não encontrou nenhuma reticência em mim. A sorte foi o vigia. Non, non, Monsieur Pisani, Sempre antes de sair ele fica um tempo conversando comigo. Foi depois que ele saiu. Há gente, diz Drummond, nasce para ser gauche na vida. Como Jorge, a vida por por 180 reais. Um tiro ao tirar plantão de colega, em assalto no Village Mall, shopping onde se vende uma bolsa por 25 mil reais. Seria eu, também um deles? O arrombador quebrou armários, mas só levou besteiras dos empregados do restuarante.

sábado, 20 de abril de 2019

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                         

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                                                Sangue, eu via muito por todos os lados. Eu por sorte ou esperteza ou mesmo covardia, inda não tinha derramado uma gota. Eu detesto sangue, chego a desmaiar quando vou fazer exame. Mas infelizmente, é quase impossível uma vitória sem sangue. Quem tem não quer ceder. Quando vejo uma barriguinha, tão linda, com aquele tanquinho no umbiguinho. fico louco. Que tentação! Não posso entender como os meganhas têm coragem de bater em pessoas tão lindas. Vi pegarem uma, tão linda, os cabelos esvoaçam sob o sol mortiço. Torceram o braço, empurram-na por cima de troços, derrubaram-na montaram sobre ela e quando conseguiram  algemá-la, estava toda cagada e mijada. É muita loucura.  E o que você queria que eu fizesse?

segunda-feira, 15 de abril de 2019

NOTRE-DAME DE PARIS















                                           Agora  me retei mesmo. Quero saber quem botou fogo na minha Nôtre-Dame. Na sua Nôtre-Dame?  Agora ela é sua? Agora, não. Ela sempre foi minha. Quem leva turista para ela, todos os dias? Que a conhece mais do que eu, para informar ao visitante tudo o que acontece e acontece nela? Quero sim que me descubra que pôs fogo na minha joia. Quem chamem Sherlock Holmes, corram à Baker Street e o tragam nem seja amarrado e de charuto apagado, mas tragam, é urgente. Corram, corram, chamem todos os bombeiros do mundo, não a deixem queimar, é como queimar o mundo, corram. Rapaz, que agonia é esta, deixa que os homens estão cuidando, depois, o mundo não vai se acabar! Não? Não para você, insensível. Ela é minha vida. Não sabia que você fosse tão devoto dela. Devoto? Que devoto, rapaz? Tudo que tenho devo a ela. Você entende?
                              Gandra, onde estás agora? Tu te lembras? Rapaz, se isto aqui pegar fogo, não fica nada. Que nada, pá, aqui nunca pega fogo, é muito cuidado.
                                     Ginka, veja estas gárgulas, lindas e horríveis. Você tinha medo, mas era de mim. De Norteamérica, conhecer Paris. Todos querem conhecer Paris. Jean, onde estás Deglun? Estivemos aqui, vindo da Feijoada, lembra? Quantas pessoas morreram para construir isto aqui. Escravos. Quantos?  Gritos de dor.

quinta-feira, 4 de abril de 2019











         

                             
                                Eu sou tigrão! Eu sou mau-mau. Eu sou tigresa! ai que beleza. Tchutchuca, não, não, não, não. É a mãe, é avó, é mãe. Tchutchuca vai tchutchucar? Txucarramãe, txucarramãe. Sou guerreiro sem armas. Não me importa que a mula manque, eu quero é tchutchucar. Sai daí que a gente que calar boca dele. Foi na Taquara, na Estrada do Curumau, na Boiúna. Assim tá bom demais. E estão dizendo por aí, que ela foi garota de programa em Cuiabá. E quem não foi? Oitenta tiros, oitenta tiros e estão sa lamentando. atirem, atirem. Depois a gente vê. Ordem é ordem, se não cumprirem... Enquanto isso, um Hang de tal ganha 115 anos para pagar seu débito, melhor que isto só tchutchutcar. Socorro, Antõe Cego, Socorro Maria Milza, Santa Sertaneja, tu não curou Daniel Aleijado, cura nós agora. Ah, seca danada, naquele ano. O jeito era caçar mocó nos morros. E tem um cara aí que tem medo de filosofia. Socorro, Patativa do Assaré. Chamaram um outro para pedir apoio, pensando ser muita coisa, mas é caca mesmo. Chamaram-na também, mulher das pernas grandes, mas o célebro, oh, pequeninim! Antes tivesse ficado lá, nem que fosse, eternamente, lavando bosta de francês. Que agonia, me sinto como Vade, tirando tolocos. A Rosalina veia, tu eras o terror de Capela. Socorro, Dr. Baiúca, um salvo-conduto, eu te peço.