segunda-feira, 18 de maio de 2020

MORTE NA CAMARINHA
















                                  Nanã machucava a hortelã grossa, punha num pano e torcia o sumo no meu olho. Eu saía gritando de quatro-pés. Gritando, vou continuar gritando, até apagar. Não tem como falar no pv de ninguém. Vou morrer sentado agonizando aqui. Minhas mãos estão cianóticas, saturando sessenta agora e sem assistência alguma. Nanã, Nanã, traz o hortelão, a hortelã, o hortelão, a hortelã, Nanã... Alguém aí, tem alguém aí, respondam, estou agonizando, agonizan, agoni... Zero hora e trinta minutos, a última mensagem. Quanto passivos, cordeiros somos, adestrados, adestrados, gado. Louco, tachado, quem grita, se duvidar, trucidado. 

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