sábado, 7 de janeiro de 2023




   


                                             Estou na Praça da Piedade, não Praça do Campo Grande, mas já é o Jardin de Luxembourg que fica bem  atrás da rue du Quatre Vents, onde morava. De repente, me vejo nu, mas parece que as pessoas não me veem nu, mesmo assim morro de vergonha, nunca sei se estão me olhando, se estão vendo e isto me angustia. Quisera ter certeza de que ninguem está me olhando e me vendo. Como saber? A sensação é de estar num panóptico e que todos me veem. Tento colocar algo sobre mim, um manto, qualquer coisa que cubra pelo menos as partes intimas. Mas, quem disse, Mancambira, vejo-me, novamente nu. no meio da multidão, que parece nem estar aí para minha nudez. Poderia perguntar, se coragem tivesse, olá, gente, vocês estão me vendo despido? Quem teria coragem? Ser descoberto, perseguido, linchado, serviciado e até morto! Se pelo pelo menos gritassem comunista, vai pra Cuba! Não, querem matar. Feliz de quem vai preso. Não sou mulher, esta pode até violar e acusar violação? Ela que se cobre, apenas com  um retalho, está querendo dizer o que? Me mate? Me diz, Zé Mancambira!

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