Melhor dormir e sonhar, todo sonho é um poema.
Laela, sim. É assim que me chamo, tão diferente nome, quanto pareça eu ser estranha.
Sim, estou presenteando dois milhões à pessoa que me achar um marido.
O nome não me lembro de jeito nenhum, mas, nomes, não são importantes. Para alguns, sim. Traz uma carga simbólica influenciando a narração. Pois bem, inventemos um. Fidel? Sim, aquele simpático mercador de requeijão na feira de Vaz da Roça. Chamavam-no simplesmente Fidé. E como ele, não Fidé, mas o outro do qual não me lembro, era meu amigo vou chamá-lo de Fidel, Fidé. Mas não era meu, pois o vi só naqueles dias de carnaval, quando, fantasiados de pierrô, tão démodé que acabávamos chamando a atenção de todos, inclusive de jornalistas e influênceres querendo arrancar da gente não sei o quê do passado. Houve momentos que eu estava numa roça, roubando cacau, fazer chocolate caseiro, refazer as energias perdidas na folia. Fácil, porque a roça terminava ou se iniciava no quintal da minha casa. Quem tem roça na beira das cidades está fadado a ser constantemente roubado. E eu roubava, cacau a despeito de ter os meus, mas como ficavam distantes, preferia os de Seu Noberto, vizinho aqui e lá na minha fazenda. Ele mantinha um grupo de seguranças para proteger a roça de invasores e ladrões. E ladrões como eu que entrava para uma ou duas ou três cabaças de cacau, quando não trazia da roça. Mas existiam ladrões que numa bandeira de cacau e levavam. Cacau preço que a depender da bandeira você faz uma arroba.
Não, não, não, Mancambira, livre arbítrio, não, coisa de Dija que vive agarrado às saias dos padres. IIh, figura, entonce, tá ruim, os padres, nem batina usam mais! Segurar, agora, só na terceira perna. Ah, se Leão do Peru souber disto! Vai-te excomungar. E, lá me importo, eu? Se Espinosa já o foi e não me consta que ele esteja pior do os que não o foram. O primeiro a gritar contra este tal de livre arbítrio, retado, ele. Verdade? E quem o excomungou, o papa. A sentença da Sinagoga Portuguesa de Amesterdão, posto que era judeu: Maldito seja de dia, maldito seja de noite; maldito seja em seu deitar, maldito seja em seu levantar; maldito ele, em seu sair, maldito ele em seu entrar. E que ninguém lhe pode oralmente, nem por escrito, nem lhe fazer nenhum favor, nem estar com ele debaixo do mesmo teto, nem junto com ele a menos de 66 metros. Brabo, então, tinha-se de andar com um trena! Nem a mãe dele? Nem a mãe. Reveles acreditam em Deus, Didi? É tudo isto fazem em nome Deus! Muita disciplina, então? Nisto, sim.
Juro. Já tive pena. Hoje, discordo de Schopenhauer, não tenho e, luto, acredite, por não ter, a menor compaixão pelo homem. Bicho desprezível. Ainda com a força valemos alguma coisa, sem ela, adeus, um estorvo. Fulano morreu, fico é contente, antes que eu. Os anos pesam, mas ninguém quer morrer. O velho atrapalha, ninguém pensa, este sou eu amanhã, contra força do destino ninguém pode lutar e vencer já dizia o velho é sábio Ésquilo, mas pelos deuses, se existirem. Quero te vás, tu primeiro, deixa-me morrer de viver.
La Feijoada, o restaurante de madame Faure, saímos mais cedo, por volta de meia-noite, sem movimento. Estava ligeiramente gripado, te levo em casa, Didi, disse Jean, o cozinheiro. Rue des Quatre Vents, Odeon. Odeon. A caminho do seu carro, me veio à boca uma catarrada. Cuspi no retrovisor de um carro. Imediata e veementemente, Jean me reclamou. Selvagem, por quê você faz isto? Naquela hora, percebi o quanto faltava para me adaptar, no Brasil, talvez tivesse sido aplaudido.