sábado, 24 de outubro de 2020







             

                                         

                                                Ai mar di ta roma, ai mufula que me mata, exausto na mutula minha, molhando a esteira, os andrajos, os de licuri, pindoba, de ariri também, amargo, precisa raspar. Basta uma greta, onde, um boi, passa uma boiada. No boulevard Raspail, o tesmunha de jeová. Eles me pegam, Testemunha de Jeová, nome fei da gota, não poderiam arranjar um mais bonito. Odin, é bonito, Horus nem tanto, mas Osiris. E Isis? Angico, é casca, é pau, apu, puá, puã, rasga minha roupa, me deixa feliz.

sábado, 17 de outubro de 2020









                          Elisio criava porco, e, como porcos, tratava os que lhe procurava, um pouco de lavagem e todos ficavam satistefeitos. Não gostou nem um pouco de quem chegou dispostos a não seguir seus conselhos e oirentação, pondo em perigo sua autoridade tanto como serventuário exemplar, como autoridade intelectual. Para aquele povaréu inculto,embora ricos, alguns, ninguém sabia mais do que ele, nem mesmo o juiz. Horus foi um aviso. É preciso derrubá-lo. E nada mais fácil. De logo, sentiu que antes de procurar um advogado, procuravam antes Elisio. Tinha todas as armas na mão. Horus não percebeu isto, ou percebeu pela metade. Pensou vencê-lo, engano, nem os colegas seu favor. Temor do escriba. Quer atacar o esquema?  Faça-o sozinho e perderá todos os clientes. Ninguém dará uma lide quem briga com juiz, promotor ou escrivão. Não há solução. Limitar no tempo e no espaço seu poder. Derruba a vitaliciedade.

sexta-feira, 16 de outubro de 2020









                        Ora, ora, ora. Muito mais vantagem, no toba só cabe trinta pilas, mas na rachadinha pode caber até oitenta e nove. O que? Não, não disse nada, não tá mais aqui quem falou. Horus, Horus,  não digo nada, lembre de 68! Nem me fale. Aquele maio não foi uma festa. Gosto de sangue na boca. Gases por todos os lados. Na Rua Mouffetard uma bomba de gás esbarrar na minha canela, sorte que já sem força, porque, mesmo jovem, teria quebrado a perna. 

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

 





 

              

   

                              Mal andava e já falava tudo. A mãe queria que o registrasse, o pai soube e veio para me matar. Que posso fazer? Apareceram vários micos na mangueira, eu os chamava para brincar o menino. Eles entendiam a criança e a criança a eles. Alfredo deu cachaça a ele e eu fui responsabilizado por isto. Ela, a mãe, não sei porque diz ter-se apaixonado por mim. Como explicar isto? Vejo-a dentro do carro me acusando, dizendo que iria tirar a paternidade de mim, inda que me amasse. Eu corri atrás do carro, eles não pararam e tentei voar para alcança-los, não conseguia. De repente estava em lugar alto, muito embaixo o mar, ou um lago, não sei,  pensei em voar e tive medo,  cair e não saber nadar. Saberia nadar?  Angustia, se cair, talvez os peixes não  me deixem afogar-me, me comam antes da agonia do afogamento. Vi patos, gansos, socós, marrecos, paturis. Azul. As asas pareciam se soltar. E se os peixes não me comerem antes, muito ruim, não quero morrer afogado. Antes um aljube, ínfimo que fosse, havia um parlatório. A casa, um prédio mourisco, não era aqui, quero dizer, em Salvador, ou se fosse, desconhecido. Muitas mulheres, lindas, não como aquelas vulgares da noite anterior, com os irmãos de Izidório. E o menino não queria ficar com ninguém, somente comigo. Ciúmes da mãe. Que eu o tinha enfeitiçado, mas dizia gostar de mim, mesmo assim. Doideira. O zape tocou, não quis atender. Insistiam para que eu atendesse. Queriam saber quem era. Privacidade, já era. Estranho mundo, até a terra ficou plana. Mundacho torto, no lugar de velas, pólvora. No lugar de cofre, cueca. Porqueira de mundo veio. Sem porteira, nem porteiro.







                                      

domingo, 11 de outubro de 2020








                     Mamãe, mamãefalei, não me ouviste? onde estás agora? meu coração chora. E tu velho Cassi, com teus rompantes. Agora  é saudade. Haja coração.  Não quero injeção no bumbum. As lombrigas saindo, eu puxando, que horror. Verde, nunca antes de começar a botar. Óleo de rícino. Ricínio, a gente chamava. Da mamona e não sabíamos. Em jejum, tempos duros. Se comesse morria, mamonas assassinas. Rícino, barriga livre. Barriga inchada, mamonas assassinas, como sempre, a solução. 

quinta-feira, 8 de outubro de 2020







                        Não te disse? Lulu, Lulu, cuidado com este mundo doido. Falei de Zé Canário, Tenente e Maria Ferrugem, dita, a cagona. Você levou na brincadeira. Desumano, o mundo, não avisei? Me conta o que aconteceu? Onde estão as grifes a que serviste? Diz. Você não está conhecendo? Não se lembra de mim? Quanto trabalho para te encontrar. Vou ligar pra tua mãe, ela vai te trazer de volta ao mundo. O que? Que você disse? Oh, bela menina, que fizeram de ti? Não cantou pra ti o galo,  feitiço? Canta, galo, canta galo.

terça-feira, 6 de outubro de 2020









                           Se, fazer justiça seletiva atropelando leis e a Constituição para condenar uns e proteger outros, não for corrupção, então vou ter de queimar toda minha biblioteca, e,  como está na moda queimar livros, não será tanta novidade, assim.  De que você falando,  Zé Mancambira? Falando ou delirando? Este aí tem horas que diz coisas que ninguém entende. Quando a loucura ataca. 

                                    E depois de ter destruído tudo e enchido as burras de metais, é muito simples largar tudo, ir-se embora, deixando todos na merda. E você ainda fica dando trela a Mancambira.

sábado, 3 de outubro de 2020








                                 O tempo não existe, eu sei, mas como explicar estes cabelos brancos? Esta fraqueza nas pernas, as dores nos joelhos, o esquecimento. Alguém aí pode me adiantar o futuro? Você pode Cédric? Por mais cálculos que eu faça, nunca chegarei lá, meu caro Didi.