segunda-feira, 28 de dezembro de 2020








                                 E os peixes nadam nas águas, doces e com sal, da forma que vieram ao mundo, e assim, vêm para teus pratos e tu os come, sem reclamar de despudor. Não é assim, señor Pound?

domingo, 20 de dezembro de 2020

 







                                    Carambolé, um cabuletê, coitado, na cabeça um pote, água sua merce.  Tonga mironga canço de cafuné do canso. Afogar o ganso, pode? Chama a sociedade protetora dos animais. Matar o bichinho afogado.

terça-feira, 15 de dezembro de 2020







                  O choro não é livre, ele vem, sem a gente pedir, na tristeza ou na alegria, não é Mirtes? Quero chorar não tenho lágrimas. A lágrima sentida é o retato de uma dor, verdade, esquecido Milton Oliveira? Não tinhas lágrimas, mas querias chorar?

domingo, 13 de dezembro de 2020








                Em verdade, em verdade amigo. eles não querem te prender, eles querem te matar. Esta é uma nova técnica de tortura, muito mais eficaz, mais psicológica do que física e por parência legal, não é percebida. Poucos, pouquissímos percebem, acho que nem mesmo tu, percebeste, tanto que ficaste, supreso quando te falei. Não é verdade? Tua vida foi toda mais ou menos isto. Olhe para trás e verás.


                     


                       

 

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

 






                                        

                                    Não sei se há igual. Você acredita, Claudio, que haja? É tanta leveza naqueles dedos, tão simpáticos aquele sorriso, com cebeça ligeiramente inclinada e jogada pra trás, é tão suave o som que sai de seu acordeão que as pessoas não poupam adjetivos para ela. Ah, você fala de Ksenija Sidorova? Sim, Claudio, de quem mais poderia ser? Sei lá, são tantos os deuses produzidos no mundo que nem se sabe a quem adorar. Deuses não faltam para serem venerados, quando se esquece de um, outros aparecem e passamos a venerar até cansar e cair de moda. O homem se cansa fácil, se não fosse assim seria muito tedioso. Verdade. Vejo uma mulher morena, de traços que lembram a Iracema de José de Alencar trajando roupas finas de dormir e me apaixono e passo chamá-la deusa e passo a vê-la em sonhos e passo a ter ciúmes e passo a proibir de olharem-na e passo no passeio e passo no paço e passo sobre o passo e volto no passo e passo e repasso, me perco no passo do paço.  

terça-feira, 8 de dezembro de 2020









                             Aqui de meu donjom, vejo a terra lá embaixo, cervos pastam na pradaria, se viro a nuca, vejo o curral do garapa como se estivesse um andar acima. É lá que se enterram os mortos porque o massapê, duro, não facilita cavar a cova e quem morrem tem pressa entrenós, juas, certre, encore, vier, aser, soem. lafe, nema, doe, quic. quain, oemde, 

domingo, 6 de dezembro de 2020








                             Jurupinga papai trouxe da Bahia botou na prateleira era caro ninguém comprou ele abriu a garrafa e deu um pouco a cada um todo mundo gostou mas não comprou ele bebia um pouco antes do almoço muita gente bebia pagava a metade e ficava devendo a outra metade alguns esqueciam de pagar a outra metade papai bebia dizendo pra não mermar outros diziam alcool não merma ele bebia assim mesmo Pereira alfaiate numa bebedeira quebrou  afrasqueira de café levou mais de  seis meses pagando por semana um dia seu Edson dentista veio e tomou uma dose para abrir o apetite disse dentista ganha muito dinheiro pode tomar todos os dias mas ele só tomava uma vez ou outra até a jurupinga acabar a garrafa era bonita e mamãe botou para enfeite de casa como os frascos de perfume depois ele fez licor de jabuticaba e botou na garrafa ficou parecendo jurupinga papai vendia perguntavam se era jurupinga você dizendo e vendia uns achavam gosto de jabuticaba e diziam não sabia que jurupinga era feita de jabute nem pra desconfiarem do preço era menor.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

VOMITÓRIOS ROMANOS





   



                          Foi em 48, 49 ou 50, lá vou eu saber. Com seis, sete ou 8 anos eu nem tinha certeza que existia! Festa no Lagedo Alto, casa de Elias Sanfoneiro. Pessoas pegavam refrigerante quente, lá não energia, muito menos geladeira, sacudiam-no e jogavam uns nos outros. Um grande desperdício, pensei. Mal sabia que anos depois iria ler que os romanos nas suas festanças, comiam, comiam depois iam para um local, o vomitório, metiam o dedo na garganta, vomitavam e voltava para comer. Porquê se faz isto? Digam-me. Os romanos tinham muita comida. E as províncias ao redor do mundo, tinham o mesmo tanto? Os soldados, pagos com sal, faziam isto? E a pistola Walther PP usada por Sean Connery James Bond foi leiloada por 256 mil dólares. Ainda mata, fome, ou só para ter? Oh mundacho torto.







 

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

MORTE DENTRO DA NOITE









                          A morte veio de mansinho na calada da noite. Da noite? Que traição, nem me deixou gritar. Será que ouviriam? Murió mi amigo, necesito despedirme de él. Agora falem, falem, não lhes, ou sim? Quién lo sabe?

sábado, 21 de novembro de 2020

MORTE NO CARREFOUR?







                                             What´s that? Murder in the cathedral? Oh no, in the Carrefour. Take a friend´s advice. Live well alone, or your goose may be cooked and eaten to the bone. Oh, não, ajudem-me eu não  ps respirar. Eu nam vejo           mais.                    Nam    Nam Nam.

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

MORTE NO CARREFOUR







                           

                    Me ajuda. Gritei. Impotente, coitada. Que fique, para contar. Se viesse, seriam dois. ´Triste dizer, mas há-de. Cru, sem sal, sem molho, comem-nos. Que nome se dá a isto? A roda, inda roda prá gente. À vista de todos, nas encruzilhadas da vida. Laroiê, Legba. 

sábado, 14 de novembro de 2020













               

                    Os caras são verdadeiros imbecís. Lutei até cansar. Queria que me dessem tempo, me dispensassem do trabalho, me preparar concurso da magistratura trabalhista. Os patrões fazem isto, porque não o trabalhador? Contratavam a preço de ouro os grandes escritórios, da elite, zero compromisso com o trabalhador. De rico, ficaram mais ricos. Nunca chegaremos lá.  




 

quinta-feira, 12 de novembro de 2020








                        Num disse? É pau na moleira. Quem te mandou ir lá? Diziam os antigos, quem não quer casa cuspida não bota venda. Isto era no tempo do cuspe, mas válido para qualquer a eternidade. E aí esta eterna discussão, de quem tem ou não razão. E eu digo, em quase tudo o que acontece, os dois lados têm culpa. Nunca um só tem razão.






                               

segunda-feira, 9 de novembro de 2020







´                            Égua, num é qu´ele venceu? Ih, foi? Lazarento, diz Antõe de Manin. E tu não acreditas?

                            


                                                

domingo, 8 de novembro de 2020

 








                                                Pombos arrulham pracolá, que dizem eles nesta língua enigmática? Há quem os tema. Pomba paz. Apenas crendice. Seria o falcão de Horus? Ou Isispássaro fecundada pelo defunto Osiris? Mistérios que o mundo trás. E os famintos não te comem, como não aos gatos, aos cães todos deuses ou amigos deles. O bicho homem, temo eu, não aos outros, estes  cativos sem reclamar.  

sábado, 7 de novembro de 2020






                      Tem de pagar sim. Onde já se viu. Tanta lama, gente morrendo. Afogamento, pior morte, nunca quero pra eu. Tem de pagar sim. É o quê, Zé? Por quê tu tanto gunguna aí? Mariana. Qué que tem? Num querem pagar. Gente, casas, bichos, tudo levado na lama. Botaram processo pra cobrar, e o tal de São Marcos botou pra não pagar. Mundacho torto. Uma vaca entrava em sua  roça e seu dono chegava e dizia: cumpadre eu vim pagar o prejuízo da vaca. Hoje, nem com processo. Mas de quem você tá falando mesmo, Mancambira. Num disse, de Mariana e de São Marcos, não tá vendo a agonia do povo? Só se fala nisto. Hahaha,  Tá doido, Mancambira? A Mariana que tu tá falando já se esqueceram há muito tempo. Esta é outra, cara. Não, nesta eu nunca tinha ouvido falar antes. O qu´ela fez? Um cara pegou ela raça. E não deram uma pisa neste mulecote não? Que pisa que nada, Mancabira, tu já viu rico apanhar? Ah, era rico? Se era! Ela botou processo nele, mas perdeu. O juiz não prendeu o malfeitor? Ela não queria cadeia, queria grana. Ochente! Ela queria que pagasse? Se o cara tinha dinheiro, não pagou por quê? Oche, oche, oche, quem disse que rico gosta de pagar? Tu, tem horas que se mostra muito sabido, outras horas parece um paspalhão. Calou Mancambira debaixo de sua capa colonial, tremendo de frio. Capela frio e tem muriçocas e tem Maria Cagona e tem Zé Pretinho e tem Téiu de Rosalina e tem Arabela torrando café e tem Tico doido de Patrocínio e tem Maria Angerca do Pilunga e tem Maria Pinhão de Mané Gonçalves e tem                                              

quinta-feira, 5 de novembro de 2020









                                              Pati faria é esta aqui, meu irmão? Tu é maluco, cara? Tu não mede teus atos, não?  E agora, José? A paz acabou.

sábado, 24 de outubro de 2020







             

                                         

                                                Ai mar di ta roma, ai mufula que me mata, exausto na mutula minha, molhando a esteira, os andrajos, os de licuri, pindoba, de ariri também, amargo, precisa raspar. Basta uma greta, onde, um boi, passa uma boiada. No boulevard Raspail, o tesmunha de jeová. Eles me pegam, Testemunha de Jeová, nome fei da gota, não poderiam arranjar um mais bonito. Odin, é bonito, Horus nem tanto, mas Osiris. E Isis? Angico, é casca, é pau, apu, puá, puã, rasga minha roupa, me deixa feliz.

sábado, 17 de outubro de 2020









                          Elisio criava porco, e, como porcos, tratava os que lhe procurava, um pouco de lavagem e todos ficavam satistefeitos. Não gostou nem um pouco de quem chegou dispostos a não seguir seus conselhos e oirentação, pondo em perigo sua autoridade tanto como serventuário exemplar, como autoridade intelectual. Para aquele povaréu inculto,embora ricos, alguns, ninguém sabia mais do que ele, nem mesmo o juiz. Horus foi um aviso. É preciso derrubá-lo. E nada mais fácil. De logo, sentiu que antes de procurar um advogado, procuravam antes Elisio. Tinha todas as armas na mão. Horus não percebeu isto, ou percebeu pela metade. Pensou vencê-lo, engano, nem os colegas seu favor. Temor do escriba. Quer atacar o esquema?  Faça-o sozinho e perderá todos os clientes. Ninguém dará uma lide quem briga com juiz, promotor ou escrivão. Não há solução. Limitar no tempo e no espaço seu poder. Derruba a vitaliciedade.

sexta-feira, 16 de outubro de 2020









                        Ora, ora, ora. Muito mais vantagem, no toba só cabe trinta pilas, mas na rachadinha pode caber até oitenta e nove. O que? Não, não disse nada, não tá mais aqui quem falou. Horus, Horus,  não digo nada, lembre de 68! Nem me fale. Aquele maio não foi uma festa. Gosto de sangue na boca. Gases por todos os lados. Na Rua Mouffetard uma bomba de gás esbarrar na minha canela, sorte que já sem força, porque, mesmo jovem, teria quebrado a perna. 

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

 





 

              

   

                              Mal andava e já falava tudo. A mãe queria que o registrasse, o pai soube e veio para me matar. Que posso fazer? Apareceram vários micos na mangueira, eu os chamava para brincar o menino. Eles entendiam a criança e a criança a eles. Alfredo deu cachaça a ele e eu fui responsabilizado por isto. Ela, a mãe, não sei porque diz ter-se apaixonado por mim. Como explicar isto? Vejo-a dentro do carro me acusando, dizendo que iria tirar a paternidade de mim, inda que me amasse. Eu corri atrás do carro, eles não pararam e tentei voar para alcança-los, não conseguia. De repente estava em lugar alto, muito embaixo o mar, ou um lago, não sei,  pensei em voar e tive medo,  cair e não saber nadar. Saberia nadar?  Angustia, se cair, talvez os peixes não  me deixem afogar-me, me comam antes da agonia do afogamento. Vi patos, gansos, socós, marrecos, paturis. Azul. As asas pareciam se soltar. E se os peixes não me comerem antes, muito ruim, não quero morrer afogado. Antes um aljube, ínfimo que fosse, havia um parlatório. A casa, um prédio mourisco, não era aqui, quero dizer, em Salvador, ou se fosse, desconhecido. Muitas mulheres, lindas, não como aquelas vulgares da noite anterior, com os irmãos de Izidório. E o menino não queria ficar com ninguém, somente comigo. Ciúmes da mãe. Que eu o tinha enfeitiçado, mas dizia gostar de mim, mesmo assim. Doideira. O zape tocou, não quis atender. Insistiam para que eu atendesse. Queriam saber quem era. Privacidade, já era. Estranho mundo, até a terra ficou plana. Mundacho torto, no lugar de velas, pólvora. No lugar de cofre, cueca. Porqueira de mundo veio. Sem porteira, nem porteiro.







                                      

domingo, 11 de outubro de 2020








                     Mamãe, mamãefalei, não me ouviste? onde estás agora? meu coração chora. E tu velho Cassi, com teus rompantes. Agora  é saudade. Haja coração.  Não quero injeção no bumbum. As lombrigas saindo, eu puxando, que horror. Verde, nunca antes de começar a botar. Óleo de rícino. Ricínio, a gente chamava. Da mamona e não sabíamos. Em jejum, tempos duros. Se comesse morria, mamonas assassinas. Rícino, barriga livre. Barriga inchada, mamonas assassinas, como sempre, a solução. 

quinta-feira, 8 de outubro de 2020







                        Não te disse? Lulu, Lulu, cuidado com este mundo doido. Falei de Zé Canário, Tenente e Maria Ferrugem, dita, a cagona. Você levou na brincadeira. Desumano, o mundo, não avisei? Me conta o que aconteceu? Onde estão as grifes a que serviste? Diz. Você não está conhecendo? Não se lembra de mim? Quanto trabalho para te encontrar. Vou ligar pra tua mãe, ela vai te trazer de volta ao mundo. O que? Que você disse? Oh, bela menina, que fizeram de ti? Não cantou pra ti o galo,  feitiço? Canta, galo, canta galo.

terça-feira, 6 de outubro de 2020









                           Se, fazer justiça seletiva atropelando leis e a Constituição para condenar uns e proteger outros, não for corrupção, então vou ter de queimar toda minha biblioteca, e,  como está na moda queimar livros, não será tanta novidade, assim.  De que você falando,  Zé Mancambira? Falando ou delirando? Este aí tem horas que diz coisas que ninguém entende. Quando a loucura ataca. 

                                    E depois de ter destruído tudo e enchido as burras de metais, é muito simples largar tudo, ir-se embora, deixando todos na merda. E você ainda fica dando trela a Mancambira.

sábado, 3 de outubro de 2020








                                 O tempo não existe, eu sei, mas como explicar estes cabelos brancos? Esta fraqueza nas pernas, as dores nos joelhos, o esquecimento. Alguém aí pode me adiantar o futuro? Você pode Cédric? Por mais cálculos que eu faça, nunca chegarei lá, meu caro Didi. 

domingo, 27 de setembro de 2020









                                    Bucévalo, eu o vi primeiro? Alazão? escuro, no curral da fazenda, dos, eu vou apagar, não eram eles, em Mairi a caminho de Mundo Novo. Depois subi a cerca do curral e voei. Um vôo raso caindo sobre uma construção com quartos e corredores cujas aberturas, pois não pareciam portas, mal dava para passar um corpo não muito gordo, onde acho que tenha levado mais de uma hora para encontrar a saída, que dava para uma estrada, larga, muito larga. Um trio elétrico parado no acostamento. Algumas pessoas tentando colocar algo no fundo.

quinta-feira, 24 de setembro de 2020









                                        de preto? estava ela, mesmo de preto?  Vaqueiros passaram corrento atrás de um boi, saí correndo, não ser atropelado. Poeira subindo, gente, vaqueiros gritando. Derrubar o boi. Vida de gado. Não via, nem ouvia vozes, apenas uma sensação de ter alguém no quarto, mesmo acendendo as luzes, era uma conspiração.

 










                                        Francisco Petronio, Carlos Gonzaga, Os incríveis, Jerry Adriani, José Roberto, Fábio, Paulo de Paula, Adilson Ramos, Benito de Paula, Wanderley Cardoso, Carmen Silva, Diana, Evaldo Braga, José Augusto, Julio Cesar, Lindomar Castilho, Luiz Ayrão, Balthasar, Odair José, Barros de Alencar, Francisco Cuoco, Nelson Ned, Marcio José, Marinês, Ronnie Von, Moacyr Franco, Antonio arcos, Gilberto Lemos, Sidney Magal, lá em Gandu, quanto estrelismo, não é Almir? Claudio di oro, Almir Rogério, Alypio Martins, Gilliard de quem ouvi pela primeira vez falar, Arlinda de Mamede, queria um brinde, Ricardo Braga, Ronaldo Resedá, Peninha, em Sento Sé, gozação ou preconceito?  Sylvinho, Wando, Agepê, Bianca, Elisamgela, Kátia, Gretchen, mostrando-se mais do que cantando, Joana, Claudia Telles, Vanusa, Paulo Sergio, Sergio Murillo, Celly Campelo, Joelma, Nalva Aguiar, Eduardo Araujo, João Viola, Agnaldo Timoteo, Claudia Barroso, Amado Batista, quantos discos lhe vendera Nivaldo? Demetrius, Fernando Mendes, Cesar Sampaio, Nilton César, Perla, Heleno, Waldick Soriano, Angelo Máximo, Luiz Américo, Gilberto Lemos, Rosimary, Bartô Galeno se perderam na avalanche do tempo? Cada um me lembra algúem,  alguma coisa, por razões diversas.  Talvez daqui a mais algum tempo não sejam lembrados por qualquer pessoa.  Oh tempo, implacável tempo.

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

 







                                     

                        


                                                Mar menino, marque zine. Marque mermo, merece.

terça-feira, 15 de setembro de 2020








                              Gunilla não é gorila, nem bund perdeu o a. Hum! pensou n´outra coisa,  não foi?  Mente! mente. Não, minha mente não mente. Passarim que muito canta...

segunda-feira, 14 de setembro de 2020


         




                                  Rua do Céu, semidestruída. Ironia, só as casas  mais simples, as de taipa, chão batido se salvaram, o resto recebeu petardos da artilharia, das razzias. Eu não achava minha casa, mas todos diziam estar em pé. Via-a de longe e quando perto, não mais estava. Acordar o povo, guerra também serve pensar, pensar como agir. Nova cidade, aqui mesmo, Rua do Céu,  enorme lagoa, eu mesmo inda vi, restos, Avenida Peixe, muita água, muito peixe. Destruição trouxe inundação, onde os urbanistas? Um Projeto, fazendo aos poucos, como Roma, um lago, árvores frutiferas  nativas, aves aquáticas, horta comunitária, piscina, lazer, pescaria e. Onde, uma depressão, fazer semelhante, onde tiver uma praça, sempre piscina e lago, em terra sem cimento,  hortas e frutos. Pisar na terra, sapatos sujos, cabeça limpa.






                                          

sexta-feira, 11 de setembro de 2020








                                            Vida, vida minha. Horus, ora pro nobis. 

quarta-feira, 9 de setembro de 2020







                                     E quem investiga a polícia? E quem investiga o promotor? E quem investiga o Juiz?

                                     Êta que Ismael hoje manheceu perguntador. Que tu viu hoje, Ismael?  

                                               

segunda-feira, 7 de setembro de 2020








                                                Gongo, morotó, oroiá, os bichinhos das palmeiras bom de se comer. 

quinta-feira, 3 de setembro de 2020









                      
                   Sole a pino, Monte Alegre, cinquenta léguas da Bahia. Cheguemos finarmente, ouviu. Intranquilo, desceu. Tranquilo burgo. Onde as donzelas?
                        Meia-noite. Estação do Norte, afinal. Mala, pandeiro, berimbau, violão na minha mão. Não, Brigitte, seu papagaio não veio, a duana, a vilã. Rajada fria, outono em sua cara, folhas caídas, como tapetes nos pés. Sua primeira noite em paris. Saudades. Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá. 
                                        
Achou a casa do tio. A benção, Deus te abençoe, abraços, beijos. Como está comadre? Compadre tá bem? Procurar o amigo do pai.  Costinha Jururu, (gostava do apelido que a si deu, preito ao jurubeba, vinho predileto). Carta do pai. Que o apresentasse  à cidade. Orgulho, ter sido o escolhido.  Estão vendo?  A quem seu pai recomendou?  A Costinha, como Pelé fala na terceira pessoa,  não  aos bacanas  daqui.  Jururu não tem onde cair morto, mas tem amigo na capital. Mostrava o escrito. Com prazer e denodo pegava-o pelo braço, apresentando-o  aos da cidade. Filho da  terra, de nossa  gente, da gema, dos primeiros habitantes. Sobrinho-neto do Coronel Francelino de Almeida, homem rico, morreu pobre, pedindo esmolas, por não roubar, ao contrário de muita gente boa  nascida pobre e hoje rica, sabe Deus como. Que discurso, constrangedor,  fazer o quê?   Seu jeito.
Gare  du Nord.  Saint-Lazare?   Busca, hotel. Luzes na noite,  frio gélido  na  cara. Față mea?  Luso andar  em terras de  Luízes. Andar brasileiro na terra dos francos. Olhar moreno na blondice franca. Fumacê nos bares e cafés. Cachimbos,  cigarros, charutos, talvez diamba. O amargo da cerveja na garganta. Na telê, perdido na bruma,  montado em cavalo branco, esganando-se por  suplantar o burburinho, Adamo?, Becaud? Quem canta assim, danadamente?
E o soldado Paulo Cobra, que não é Norato, mas cutibóia, como o cipó,  (Era Koba mesmo. Não, não  me chamem de estalinista, Jaldo Caribé, hoje no reino da paz, - prefiro o inferno daqui -, me fez este alerta), arranjou-lhe a primeira questão: Um desquite, (Divórcio, inda inexistente). A lei: O casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges; Não separe o homem o que Deus uniu, berra a Igreja. Cria-se o casamento civil,  arenga: Só Deus pode unir o homem à mulher, opondo-se ao decreto 181  de  janeiro 24 de 1890. Vangloria-se Rui Barbosa. Ter divergido do mestre, Macedo Costa: Porque não era aturdindo as consciências com o  estrépito de improvisos violentos que havíamos de estabelecer a liberdade  religiosa:  - era pelo contrário, inquietando o menos possível as almas, e  poupando a liberdade de cultos que desejávamos firmar na máxima plenitude  e com a maior solidez, a hostilidade das tradições crentes, em um país  educado pelo cristianismo e pela superstição. Temperança,  equilibrio de Ruy;  imposição,  autoritarismo eclesial, no Império e na República, não permite o casamento religioso sem o civil. Sem direito de escolha, proibir dupla núpcias.  Religião, religião.
Um casal, criava com zelo e dengo sua única filha. Escolheram tanto, casou-a com um  jovem vistoso, elegante, um pouco bandavoou. Trinta dias, (não sei), volta, chorosa, arrependida à casa dos pais. Ainda estou virgem mamãe, ainda sou moça papai. O velho pegou do revolver, da peixeira e do facão. Encontrar o genro. Seu vagabundo, seu xibungo descarado. Que houve meu querido sogro? Você ainda me pergunta o que houve, com esta cara sem vergonha? Então você casa com minha filha e depois de um mês ela continua virgem? Hehehe, ahahahaha. Ah, entendi. Como foi que eu casei com sua filha? No religioso e no  civil,  seu moleque. Pois é, sogrinho,  estou primeiro no religioso. Ai, meu deus, gritou o sogro, que minha velha está me devendo mais de trinta anos de cu.
Depois de reencontrar o oficial Mauro Gelado, em Mairi, moreno, o nome já diz,  frio tal camucim, daí o apodo, tenho cá minhas dúvidas. Quem realmente o apresentou ao primeiro cliente?  Mauro, que não é Terenciano, nem poeta, nem gramático, mal sabendo rabiscar certidões, sim, lhe trouxe o desquite  de João Calixto. Provecto senhor. Jovem mulher. A traição, o motorista do prefeito. Ficava mais na fazenda, deixando-a na rua. Educação dos filhos. Vinha no final da semana, quando lhe subia o fogo, normalmente baixo, pela calmaria própria da idade. Fanfarrões, os idosos.  Uma a cada noite, o anoso mente, só cachorro doente. A bicha fica enzamboada, nem sobe, nem desce, uma espécie de limbo, estado indefinido, não é sólido, líquido, nem gasoso. Há sempre um dia. De supetão, pelos fundos, de cara com o amante.  Correu a espingarda do ombro, não teve tempo. Sedutor, (ou seduzido)? espavorido, fugido, chinelos, chapéu  deixados.  Rastros para o desquite. Litigioso, queria, desmascarar a traidora. Como se todos não soubessem. O marido, sim, o derradeiro a saber. Poderia cantar a canção:            
 Mas agora eu sei
O que aconteceu
Quem sabe menos das coisas
Sabe muito mais que eu 
Traições, estapafúrdias soluções. Portugal, 1715,  Dom José assina lei. Ajudar maridos traídos descobrirem sua cornice. Quem soubesse de uma traição deveria denunciar o chifrador, colocando  chifres  em sua porta. Oferenda ao chifrudo? O coito em cama alheia  sempre foi, em qualquer tempo e lugar, crime gravíssimo, quase sempre punido com a morte, a mulher, claro,   pois,  o sedutor, em geral,  nada sofria. A bela Costanza, não muito constante a Bonarelli, o maridão, amou Bernini e seu irmão Luigi, pérfida in bis,  e foi desfigurada a navalhada, a mando do escultor, sob o beneplácito de Matteo Barberini, ou Papa Urbano VIII, de cuja amizade suspeita, gozava o artista. (será que eram amantes? Papas existiram de todo tipo, até mulher vestida de homem. Traveco, o Ronaldinho iria adorar.). Divino artista, homônio, demome. O que não faz um tipo por uma chiranha!
No século XI, a infiel  era  assassinada  na praça, perante uma multidão ávida de sangue e vingança, como inda hoje se vê entre alguns. Tanto rigor não corrigiu o humano. Será mesmo o coito extraconjugal mais gostoso do que o papai e mamãe de cada dia? Esquimós e índios das Américas mais sábios e felizes, sem saber o que é cornice,  até ofereciam suas mulheres, provarem hospitalidade. Fazem sua praxis o ditado, lavou tá nova. Mundo doido. Imundo. Louco mundo. Em  Hong Kong, a mulher traída pode matar seu marido desde que, com as próprias mãos, missão quase impossível, quando se pode matar de qualquer forma a amante do marido. Discriminação!
Na Cité Universitaire. 7 L, Boulevard Jourdan, La Maison du Brésil de Lucio Costa e Corbusier .A carta do português ao amigo Quertezer (pronuncie Quertezer, oxítona. Aprenda. No vernáculo, as palavras terminadas em i (y), l, r, u e z, se não houver acento antes, são sempre oxítonas. Não imitar o anglo-americano. Palhaçada):  Leva ele muita coisa na cabeça e mais no coração. Merece sua ajuda.  Tira das vistas o papel, diz ao retirante. Paris não é  lugar pra gente sem dinheiro. Volte logo, se não quiser morrer de fome, aqui não é o  Brasil. Sentenciou. Quatros  anos depois, mal sabia,  Maio de 68,  retornaria, naquele instante,  ocupar e expulsar daquela Casa  os  bolsistas, filhinhos de papai,  afilhados políticos. Sem conhecer telefonia, toma posse da portaria. Tudo tão confuso, como a própria revolução de jovens. Não sabiam o que queriam, apenas o que não queriam: A sociedade burguesa.
KaRa de fome e sorriso nos olhos de seu povo. Língua ouvida, esfarrapada. A voz do sertão. Como o canto do assum-preto, negro como os cabelos d´Iracema, a virgem dos lábios de mel. O sábado menino. Comprar rapadura, dois´tões. Sacos. Sacos de farinha, punhado apanhado, misturar na boca. Ô m´nin, danado. O olhar curioso dos roceiros. Seu traje, seu trato. O filho da terra, um a lembrar-lhe  parentesco, mesmo por trás da serra. Que buscas tu, neste desertão? Voz partida, perdida a cara.
No cartório de Aloisio Leal, (que não se mostrará tão leal quanto o nome diz, tu verás), o dialogo da iniciação nas coisas da justiça. A sarará grita, esperneia, arrasa.
-  Padinho, o sinhô num pode impedir  que eu receba o que é meu. Num sou mais u´a criança. O sinhô só me tem prejudicado o tempo todo. Quero tomar conta do  meu. O escrivão rebate:
 - Sujeitinha mal agradecida. Devia lembrar-se do quanto eu fiz por você.
A sarará. Mulher. Mulher-mulher.
Sujeitinha?  E o sinhô?  Um ladrão. Covarde. Correu da polícia  federal. Comunista, cagão.  Se ajoelhou  nos pés do capitão. Chorão. O inventaro  é meu, a terra é minha. Só quero o que é meu. O sinhô num pode ficar com a terra toda vida, só porque inventou de ser ventariante.
O bacharel baixou as vistas, envergonhado. Cala o escrivão sentado em sua ira. Não aguentou a catapulta. O escrivão de justiça, que nunca foi da  puridade, pelo poder, ali como se fosse.  O benfeitor da cidade. Tudo sei de lei e da justiça. Inquisidor, meu espanto.  Seguro, muito seguro. Justiça?  ora, justiça! Já fizera muito por aquela gente, dizia. Todos aqui me devem alguma coisa. Isto era uma tapera. Não havia estradas. Cheguei há vinte e sete anos, em lombo de burro. Assumi o cartório. Lia até altas horas. Fui e continuo sendo tudo aqui, porque todos são analfabetos. Era ao mesmo tempo escrivão, delegado, juiz, promotor, advogado, professor, enfermeiro, farmacêutico, enfim, o diabo. Disse-o, veremos. Um recibo, uma nota promissória, uma carta, tudo, enfim. Conselheiro. Fazia as pazes entre marido e mulher. Entre amigos que brigavam.  Fiz o ginásio. Trouxe a luz. A estrada. O banco. Tudo fiz, tudo faço. Tiro Juiz. Promotor, fica quem eu quero. Advogados. Todos me seguem. Sei tudo de justiça. Nunca perdi uma questão. Quem me segue não perde questão. No tribunal todos me respeitam.
- Tá, gostei de você, menino inteligente, conte comigo, sempre. Ajudei muita gente, hoje, bem em Salvador. Juízes. Eu fazia os relatórios. O tribunal nunca  fiscalizava. Dos promotores, fiz procuradores, dos juízes, desembargadores. Deputados, graduados na administração, todos que passaram aqui, (mostrava as mãos) estão bem. Eu os modelei, siga o exemplo deles
Abria, paternais,  os braços.
Busca. de hotel. Cheios, caros. Dormir. Precisam. Não há, metrô, est´hora. Como chegar aos parentes, os tugas? Extenuados. De Lisboa a Paris, no salto (cruzar a fronteira Portugal a atravessar a Espanha a salto, a pé,  clandestino). Pegar o trem, (eles chamam comboio), da Sud Expresso em  Hendaye na França,  que partira de Santa Ifigênia para Paris.
Jovem andante, aventureiro, que te vai pela cabeça? Mocinhas casamenteiras. Não estou pa vocês. Que digam  que me querem, me amam. Gostoso, um gato. Sexo, medroso e incompleto não me satisfaz. Virgens apavoradas, prostitutas mentais, fujais de mim. Afasta meu olhar de teus seios endurecidos. Por que mostrar-me o sexo apenas púbere? Vem-me  o orgasmo mais ligeiro, ouvindo os grunhidos de amor de gatos no telhado. Não me atraem teus gemidos ensandecidos pelo medo. Linda morena d´olhos apertados, cor de mel. De certo, cresce-me o sexo por tua pele acetinada, que se emurchece, se recolhe no seu leito, co´a frieza de teus passos, e a incerteza de teus laços.
Tinha entrado, sem ninguém o perceber. Deitara-se. Vistas  no telhado, de cujas  frestas coava-se a luz.  Os tios, haviam saído. As garotas, na caça,  invadiram, com alarido, o ambiente.  Perguntam  pelo primo às primas. Ouvido atento às vozes. Risos, gritinhos, gargalhadas. Meu cravo, sou tua, o jasmim de teu jardim. Me dá um beijo, te dou tudo que quiseres. Ai, se te pego, eu te mato. Eu te pego lá no mato, delícia. Trá, lá, lá, lá. Káska, hrob, Adad, rad, krk, kriz, krutý, krásny, slepý, mrtev, tev. Ya, yaô,  yô,  ka, ki, pin, pó, porã. Agon.  Amém.
La blonde tem bunda mole. La brune tem bunda grande. Tanajura que me ama. Quero ver você dar sua risada. Pavão misterioso gritando no telhado.  Raposa inebriada  pelo mel. Guaxinim chupando cana. Como gralhas no  galho da jurema. A ema gemeu no galho do juremá. Fim de l´amor, condor. Ay que mi moiro, doncellas.
Morrem as vozes, nomirsti  mundo, que morra. Mrtev, tev. výkrik, krik. No seu peito, a angústia. Abre o livro. Estuda sua primeira questão. Um desquite. “O casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges,” dizia o Código Civil. Um divórcio à brasileira. Continuam os dois agarrados um ao outro pela lei, não podem casar novamente.  Inda uma imposição religiosa. Será deputado. Fará um projeto de lei,  casamento por tempo determinado. Não é uma sociedade como outra qualquer? Criará a poligamia. Deus permitiu a Salomão ter setecentas mulheres principais e trezentas concubinas, por que não permitiu aos outros casar e descasarem.  A poliandria também, assim era na Palmares de Ganga Zumba e Zumbi. As mulheres,  bem visto, tem vontade de dormir com mil homens.
Horus, (Chama-se Horus?, um catingueiro?). (Osiris, Horus e Isis,  a trindade. Pai, Filho Espirito Santo). Horus te chamas? O portuga, acostumado aos Manueis, Joões e Josés, pergunta admirado, enquanto lhe passava a botija de vinho para regar o bacalhau seco, engolido no sacolejo do trem.  De nossa mãe, gerado,  sobre o corpo inerme do esposirmão, pousada. Amamenta teu filho, Cheia de Graça. Em folha de revista  achado. O homem não escolhe o nome. Ele é o que aos outros lhes parece.  Nordeste.  Homem e nome são suas circunstâncias. Horus,  Único nas Alturas, o Elevado, o Distante, Senhor do Céu, o Senhor das Estrelas. Que te passa pela cabeça? Olhos chamejam, cheio de areia.
E agora, que fazer? Ao compadre Hugo, uma carta escreverá. (Itambé, em ti me vejo, no Tango de Tárrega. Cai a tarde tristonha e serena, em macio e suave langor Despertando no meu coração a saudade do primeiro amor! Plangia Calheiros do altifalante a canção d´Erotides. Dorotéia Vai à Guerra. Peça de Carlos Alberto Ratton,  sob a batuta de Álvaro Guimarães. Nonato Freire, Dorotéia. Lola di Laborda, Madalena. Produção, Eduardo Cabus. Você tem de ver. Comédia,  um pouco erótica, violenta, e de humor amargo. Dorotéia (Nonato) - velha octogenária - vive com a filha Madalena, longes de mundo. A filha sustenta a velha, mourejando os números, as finanças. Dá comida à “mãezinha”,  lê as noticias do dia, liga-lhe o rádio, ouve suas queixas, dá-lhe o  remédio, ajuda-a a fazer xixi, liga-a ao aquém. Vida versus morte. Dorotéia é autoritária, importunante, irônica, gozadora, sarcástica, egoísta, mentirosa e ladra.    Madalena, honesta, trabalhadora, obediente e ingênua. Lendo as noticias pra sua mãe, descobre a traição do chefe. Casara-se com outra. E ela o ama. La madre fez sua desgraça. Revelou ao chefe um segredo. Não era mais virgem. E Madalena cai numa realidade que ela teimava em não admitir.
Personagens e atmosfera Beckettianos. Linguagem e situações rendem homenagem a Ionesco. Obra original, entretanto, pela brasilidade. Álvaro conseguiu situar-se bem entre os dois polos da obra: Humor e violência. Equilíbrio total. E neste ponto, acredito, tenha o diretor superado o autor. Alvinho como um mágico evitou exageros, fez rir e deu seriedade ao grotesco. Um ritmo admirável. (Que o diga o professor Anatólio, imbatível caçador e  maior autoridade em ritmo teatral na Bahia.  Seu Painel da Peste, de cuja direção fui, com prazer e honra, assistente, comprovam sua autoridade. Um ritmo uno, monótono, sacudido apenas pelo chocalhar das cabras de seu sertão de Araci, afugentando a implacável, de cujo desafiador tridente saíam as cartas que ditavam a vida e morte). Aqui o ritmo vai num crescendo tão suave que não se adivinha o paroxismo a que chega no final. Encurrulados ficamos num ambiente de hospital onde tudo cheira a velhice, doença e abandono. Nonato Freire apreendeu as lições do diretor e a alma  do personagem e foi uma Dorotéia humana, divina e diabólica. Lola di Laborda um pouco reticente, mantendo-se, porém, à altura de responder aos fluidos emanados de Nonato. Vi-o no último fim de semana  em Salvador, você deve ir vê-lo,  um espetáculo gostoso  de se ver. Não posso acreditar que suporte isto aqui por muito tempo.
Treze de julho de 1971. Um dos melhores momentos do Vila.  A adaptação e montagem do Quincas Berro D´Água de Jorge Amado por João Augusto.  Quincas um dos mais interessantes personagens do escritor baiano. O mundo de Quincas com suas  tristezas e alegrias, contudo, solto, livre e leve.  Quincas Berro d`Água, o homem que soube libertar-se das peias da moral burguesa e recriar uma vida junto aos vagabundos e prostitutas, talvez, os verdadeiros donos do mundo.
O início do espetáculo contagia pela música e canto,  vontade de subir no palco e cantar com os amigos de “Berro”. Mais narrada que dialogada, a peça é perpassada por um tom nostálgico e saudoso daquele que foi o amigo de todos. Onde houvesse bar na Bahia se comentava a morte do velho Quincas. Era luto e choro. Um a um ia se inteirando da morte do velho “Berro” e se encarregando de difundir a noticia - : “É feriado na Bahia”. O palhaço Curió dilacerado anunciava na Baixa dos Sapateiros que todo o tecido do gringo Elias seria distribuído de graça pois seu amigo Quincas Berro D´Água havia  morrido. Benvindo Siqueira, deixara boas oportunidades o Rio  e veio curtir o teatro baiano, e aqui, tem feito  trabalhos maravilhosos. Curió na pele de Benvindo  ficará sempre na nossa lembrança. João Augusto atinge em vários  momentos o patético como na cena do cabaré,  apesar de um pouco longa, arrasta o público do silêncio profundo à completa hilaridade. Somos levados à meditação e ao riso, tal a firmeza com que João conduz seus atores. Um pouco prejudicado  o espetáculo  pelos iniciantes. Não foram capazes de acompanhar o ritmo dos atores mais experimentados, quem sabe, pelo curto tempo de ensaios. Em sua primeira aparição o Quincas de Wilson Melo, levou o público ao delírio. Talvez o  melhor momento da primeira parte. do espetáculo. Nilda Spencer na Otacília, mulher de Quincas,  está terrível. Quincas não poderia ter tido outra mulher. Wilson Mello, ao meu ver, o melhor ator da Bahia. Seu Quincas é quente, moleque, gracioso, sarcástico, irônico e, sobretudo, humano. Acredito ter perdido o espetáculo, na segunda parte, apesar de ser a principal, um pouco o domínio sobre o público. Diálogos, alguns,  demasiado longos e, de  certa maneira, despropositados, especialmente, algumas falas  das prostitutas Rita e Firmina. No velório de Quincas  onde as cenas patéticas deveriam existir, onde a denuncia e análise de comportamento deviam ser mais profundas, tal não aconteceu. Maior seria o rendimento se algumas cenas  da primeira parte fossem levadas na segunda, e assim não teria caído o espetáculo. O poético renasce quando os amigos de Quincas começam a despi-lo, vestindo-o com suas verdadeiras roupas e começam a dar-lhe cachaça. Aí, volta o espetáculo ao nível inicial. Aí temos a Bahia e a gente da Bahia. A segunda morte de Quincas é uma apoteose. Quincas nunca deixa de ser teimoso e enfrenta o mar e o vendaval. “cada um cava sua sepultura”, diz. É o ultimo conselho do velho filósofo, o homem que  soube livrar-se das jararacas, construir sua nova vida. JA continua a obra iniciada há alguns anos, levando ao palco as alegrias e sentimentos de pessoas simples, do povo. Não se deve perder a oportunidade de ir ver obra tão humana e creio que você irá vê-lo. Sei que gosta mais de cinema, mas o teatro é único,  não se repete, um só espetáculo. Se o vires, vistes, ou não verás jamais. Um único suporte, o homem. Um ator e o espectador. Nada mais. Nem cenário, nem texto, nem luz, nem roupa, nada. Isto é o teatro. Vá ver e não se arrependerá.
Aqui tudo igual. A cidade, nem grande, nem rica. Poder-se-ia ganhar algum, mas o juiz, como todos, nada faz. Disse-me, rindo. Trabalhar para  encher barriga de advogado? Não muito longe do pensamento de um certo ocupante do Supremo. Todo advogado é preguiçoso, só acorda depois do meio-dia, além de  ladrão, gasta  o tempo  inventando ações com o fito de roubar os incautos. Voltando à vaca fria, a cidade, nem brega tem. Imagina, uma cidade sem brega. O brega é o circo, o cinema e até a igreja de uma cidade. É lá que os homens vão desafogar suas mágoas. Onde todos, prostitutas, proxenetas e clientes se tornam médicos, professores, psicólogos e até confessores. Uma cidade sem brega é uma cidade morta. São elas, as prostitutas que trazem, como os ciganos, lembremos de Macondo, toda a novidade do mundo civilizado. Trazem a moda que a madame, após torcer o nariz, fazem os maridos comprarem a peso de ouro nas mãos dos mascates sírios, libaneses,  todos turcos, dizem, o perfume, a seda e o último borzeguim usado pela Mistinguett em Paris. O juiz mora na capital, e só vem à comarca uma vez por semana. Há um ônibus  que chega quarta-feira. Ele  vem, em geral, neste dia. Mais ou menos às onze horas, o motorista pára bem em frente ao cartório onde também reside o escrivão. Desce o baixinho, (aqui, conhecido como Baiúca, nome de uma cachaça, famosa no momento), e vai direto ao cartório. O escriba o espera.
– Rosa, vai buscar a cerveja do doutor, diz e  a secretária corre buscar o líquido.
O escrínio do meritíssimo tem uma gaveta onde o serventuário coloca a botelha da cevada de cuja fermentação o magistrado costuma molhar a toga. Traça um traço, traga um trago. Algo como tocar fogo n´água ou dizer miolo de pote. Despachos que não despacham, mais complicam que despacham. Não são  despachos, são ebós mesmo. Mais fácil, aliás, livrar-se de um ebó que de seus despachos. Põem as partes numa encruzilhada que nenhum Tranca-Rua seria capaz de tanto. Os processos ficam assim, estado de total inércia, porque não há quem possa  interpretá-los.
O escrivão trata-o muito bem, porque, dizem, lê na sua cartilha, pois só dá despacho realmente eficaz quando o processo é de seu interesse. É verdade, o tal escriba advoga. Come dos dois lados. Existem aqui dois rábulas. Dois velhos rábulas. Nada sabem de direito.  O carapicu faz as petições e eles as assinam, e assim, o serventuário passa a ganhar dos dois  lados. Dos honorários, sua a parte do leão, aos rábulas as migalhas.  Com esta artimanha, conseguiu fazer fortuna. O tribunal sabe disso, providências? que sonho! O juiz, este, nem se fala. Até inteligente, mas completamente envilecido. Vive na sombra do serventuário.  Disse-me que há dez anos  não pega num livro. E precisa você ver com que orgulho fala disso. Além da cerveja, sua outra amiga é a cachaça. O pessoal colocou-lhe o carinhoso apelido de Dr. Baiúca, nome de uma cachaça muito apreciada na região. Ata gosta deste apelido. E é por isso que a comunidade o assimila, já que, a pinga é, nesta terra, o melhor meio de se fazer amigos e a caninha vai se tornando, de  longe, o produto brasileiro mais representativo, entre todos os que aqui produzimos. Bem que poderíamos modificar a bandeira brasileira: Toda branca, uma garrafa e a inscrição: “Viva a cana”. Não foi  a cana um dos nossos maiores produtos de exportação? Não adoçamos a Europa por longos anos?  Não enriquecemos nossos usineiros com a caninha? Ah, sim, ia-me esquecendo. Hoje temos o futebol,  arrasta  multidões, anestesiam mentes. Mas a cachaça  molha a bola  dos Pelés, os cruzados amealhados por cholos e mulatos à custa de pão e feijão.
Ainda na linha do juiz, existe aqui um cara, que de tanto beber,  já não se emborracha mais, porque, se eternizou borracho com o primeiro gole. Oto, também escrivão de justiça. Dizem até que a bebida lhe faz bem, porque lhe mantém vivo e faz milagres. Faz o milagre de, sabendo  falar, não se entende o que diz, e ao escrever, não se lê o escrito. O juiz não o  repreende. Medo de lhe apontarem. Boato, além de bebum,  bicha, xibungo. Aqui nem é viado, só coisa ruim, insignificante, reles. Ser baitola é defeito? Profissões diversammtemmdor,sei,viaoo=iversas t:em amrconsçTodas as profissões têm pamericano, horror e verdugo de gays, gangsters, mafiosos, comunistas e ativistas dos direitos civis gostava de queimar a rodinha com seu auxiliar? Justiça é de garantir-se, não importa que se  desmunheque. Se  é cega, pode ser tudo.  Moral ilibada?  Tão só  entrar na magistratura? Depois, solta-se a franga, torna-se mercador de sentenças. Quando a corregedora nacional do Conselho Nacional de Justiça   Eliana Calmon, declarou existir “‘meia dúzia de vagabundos”  “infiltrados na magistratura”, certamente, peço vênia,  estava errada.
As mazelas da justiça. Culpados os juízes, os servidores, a sociedade. Problema, conjuntural, sobretudo estrutural. Melhor dizer: existe no judiciário  “meia dúzia de homens bons”.
Um poder, a reboque do esforço pela  democracia. Autoritário, fechado, antidemocrático. Onde não existe  transparência, não há democracia, só  corrupção.
Mude-se as estruturas ou viveremos, eternamente,  com a “meia dúzia de vagabundos”,  magistrados, às  vezes, mas não sempre,   reféns do sistema  desde a colônia, servidores se vendendo pra cumprir, ou deixar de cumprir  o dever. Vendudos, como damas teúdas e manteúdas.
Cada povo  encontre seu caminho. Não se deixar embalar pelo encanto da serpente, roubando-nos tempo e capacidade de reflexão.  Futebol, carnaval, novelas, o encanto da serpente,  pão e circo,  mais circo do que pão. Gritar, protestar, exigir ou, nada de reformas,  burocracia e ditadura. A democracia, não é o voto, muito mais que isto. Um juiz  te tem nas mãos, uma vida. Vitalício, democracia?
Um magistrado. Muito, quase infinito poder. Acabe-se com ele.   Será deputado. Apresentará um projeto de emenda à Constituição. Fim da vitaliciedade. Cargos vitalícios, que vergonha.  Rotatividade do poder. O homem não pode ficar, indefinidamente, num só cargo. Estudará e desenvolverá uma tese:  A rotatividade do poder é a  maneira mais eficaz de se evitar a corrupção. Não mais que cinco anos num só cargo ou função. Nem mesmo um policial. Fim do carreirismo até na  Armada. Ninguém mais abusará do poder.  Não haverá político  profissional.  Proibidas reeleições. Juízes, eleitos por cinco anos tão só. Desembargadores,  ministros idem.  Teria um policial coragem de cometer arbitrariedades, sabendo que  tem só cinco anos pela frente? Poder-se-ia permitir, no máximo, a recondução a cargos eletivos, passado um período de tempo. Reeleição, nunca. Nem  síndico de condomínio. Imoralidade, fonte de corrupção. Todos teriam a oportunidade de exercer o poder um dia em sua vida.
Morfeu vem chegando. Bom que possa me aturar. Não sei fata quando serei advogado. Meu caro Hugo, somos mais artistas que advogados, concorda? Inda sonho continuar  nossos projetos, deixados no papel. Publicidade, cinema e artes, inundar o mundo, ganhar dinheiro com o que se gosta. De Glauber a  Mazzaropi. Sem preconceitos. Rir, chorar e pensar. Você se lembra  da Exceção e a Regra? Fiz o soldado e um juiz.  Peça pra pensar, como todo Brecht, mas quem me impede de fazer pasquins?  Arte de elite é fácil, tem-se dinheiro e se vai ao teatro, mostrar-se, mais que ver. Arte pra  pobre, difícil. Não vai ao teatro, tem até medo,  não vai porque não tem roupa,  já me falaram.  Se assim, o teatro tem de ir a elas. Peças fáceis, ágeis, engraçadas e dinâmicas, em praças, nas igrejas, nos colégios, nos campos de futebol, nos parques e jardins, nos terrenos baldios, onde se possa reunir pessoas. Apesar da música ser a arte mais popular, a que mais toca o homem, porque não é preciso entendê-la, basta gostar, o teatro é a única arte que se pode fazer com duas únicas pessoas. Um ator e um espectador. Você pode prescindir de cenário, de indumentária, do som, da luz e até do texto e da palavra, só não pode faltar o ator e o espectador. Pensando assim,  Grotowiski criou na Polônia o teatro pobre, ritualístico.  Não importa o tema, por enquanto, o importante é mostrar-lhe um´outra forma de ver o mundo. Numa temática reacionária, não foi o caso, se  pode lançar um raio de luz libertador. A teoria do distanciamento, de Brecht dificulta,  acho, o entendimento de quem está acostumado a emocionar-se com novelas, e, mesmo jogando com linguagem de fácil entendimento, como fez Hackler na  Exceção, ainda acho melhor,  um pouco  de emoção:  atingir a massa. Digo, vale  muito aquele trabalho. Pena, tão poucos viram. E o diálogo dos soldados, eu,  Alberto Martins e Reinaldo Nunes? No início, saiu um soldado convencional, depois Hackler: Imagina um soldado naqueles confins de mundo. Cê viu o velho Gama? Que vigor João Gama. Se americano, a Broadway, Hollywood, o mundo todo, conhecia. No Brasil, atores, por amor trabalham, às vezes, sem remuneração, Querem ser  vistos, anelos sufocados pela mediocridade humana.
Seu primeiro trago. Meu primeiro trago? Um grogue, café e conhaque. Esquentar o frio. O fumo, não, da paz, da solidão, tragado. Não. Não são quengas as meninas ali, fumando. Estudantes, secretárias, coiffeuses, jovens e maduras. Ouvir Trenet, Brassens, Ferré. Vivem a noite em Paris, a  vida na Gália.
Olhar pendurado nos teus olhos. Azuis, verdeazuis como o mar de minha terra. Teus cabelos mays. Oh Chantal,  mair Chantal.  Fala que te quero  ouvir  Chantal, habibe. Canta, dulce voz em meus ouvidos, um dia terás meu violão. Diz uma canção de ninar. Eu tenho sono. Eu só quero te ouvir. Até dormir e voar e voar.
A voz de Gandra. Estás a dormir, pá? Fala o português e anda. E me acorda de meu sonho.  E anda, e ando. Andro. As folhas no chão, sob meus pés caídos. Volta à estação. No corpo, o banco, o chão, o sono e o sonho. 

domingo, 30 de agosto de 2020


                             



             

                                                 Na fronte, lis marcado a fogo. Não mais fugir, ad aeternum, escravo serei.  Oh, pureza insana, contra natura imposta por gente atolada em vícios. Eu a ti me entreguei e por ti vivi o mais sacrossanto amor. Vós me entregastes a cimitarra, não o fizestes? Antõe Cego, não se falava de sedução de fieis.

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

 







                                                                Jutro. Nem sei como começar. Hahaha, se não sabe começar, imagina terminar. Fica inventando palavras que nada significam. Você quer chegar aonde? Rapaz, você me fez voltar no tempo. Como assim? Há anos, acho que na década (Quando falo em década, me lembro de João de Barros, "Como el-rei dom Manoel, no segundo ano de seu reinado, mandou Vasco da Gama com quatro velas ao descobrimento Índia... isto que é escrever!) de setenta. Lia parte deste romance para um amigo, formado em letras, Ananias Vasconcelos, ex-colega do Colégio Vieira. Era mais de meia noite, na Praça Castro Alves, sentados ao pé do monumento ao poeta. Ele me perguntou, aonde você quer chegar? Não sei, disse-lhe, nem título tenho. Como é difícil agradar a intelectuais, mais fácil agradar quem não o é. Um pouquinho de sexo, um pouquinho de violência, mistério e palavras comuns que se possa compreender sem visita ao léxico e pronto, garantido o sucesso. Ainda escreverei assim. Ficar rico como um Coelho, uma J.K. Rowling e gozar das delícias do capitalismo.

domingo, 23 de agosto de 2020

 








                                     Picar la mão na cara,  encher tua boca de porrada. Isto é uma ameaça, Zé Mancambira? Assim tu aprende perguntar. E perguntar te ofende, Zé? Depende da pergunta, que tem você a ver com isto? Calma, Zé, já morreu quem perguntou. É, gosto é assim. Caluda, caluda, ela quer protestar. ouçamos  a vaia dela.  Pode xingar, minha senhora. Todos estão gravando. Aquele ali tem uma cara de bicha terrível,  aqueloutro de bundão. Deixa o home trabaiá, miseras. Tu não é mais dono deste corpo. Ele pertence a todos, todos, ouviu? Quem é este maluco? Calem ele aí. Memem, cadê Memem? Cala ele, Memem.





quinta-feira, 20 de agosto de 2020








                              O mundacho torto. Que digo eu?    

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

 





                                                       Grandma isn´t responding. Paraná, paranaê terra do marreco,  conterrânea de Manguaçu, flagrada por câmaras, pondo cabelo na merenda. Comeu quase dois, pagou um. Tudo sob controle. Hahaha. Rio, audiência publica, fulano e fulana transando e nem como coisa! E Romero Britto, tu conheces, Mancambira? Se cagou.  Em Miami, pronuncie, miame mesmo, brava senhora, chegou à sua, dele, loja, comprou uma peça cara, gritando, nunca mais maltrate meus empregados atiçou ao chão a dita obra. Dá pra rir? Dá pra chorar? Madonna né mais minha dona? Donnama nam és. Quem te fere assim? Espera lá na frente! E Felipe não é mais neto. Oocaiulhe. E o Espírito não parece estar tão santo.  Eire, donna sposata, azi, fata mia. Que horror, diz Mancambira. Fim dos tempos, Neco Preto. Tudo isto já existia, tu não foi à escola. É só ler pra ver.

terça-feira, 11 de agosto de 2020

DE LIMA BARRETO A LUIGI PIRANDELLO OU VICE-VERSA






                                   Parece que sou cagado, mas é da mulesta. Não é que Jussieu me aparece, um dia, querendo minha parceria, para um livro? Por quê não? Tantas são as estórias. lá do Ceará. Não, cansado do Nordeste, de secas e miséria. Mas, foi justamente a penúria da seca e miséria que fez a grandeza do teatro grego. Lá vem você com esta história de grego, quem se interessa por estas coisas de dois mil anos atrás? Rapaz! Eu tive uma ideia. A gente pode ficar rico. Rico? Então é comigo mesmo. Qual a ideia? Só o título vai vender como água no verão. Verdade? Sim. Veja O Triste Fim do Falecido Policarpo Matias Quaresma Pascal e fez um gesto imponente. Mas isto é o nome de dois romances. O Triste Fim de Policarpo Quaresma é de Lima Barreto e o Falecido Matias Pascal Pirandello. Você leu os dois? Não, ainda não li e talvez nem precise ler. Como? Não precisa ler? Não, você sabe que não gosto de repetir nada do que os outros já falaram, tem de sair tudo daqui, tocando a cuca. Jussieu, figura. Você acredita mesmo dizer alguma coisa nunca revelada antes? Enfim, vamos tentar. Arre égua!

                                E como começar? De como o pai de Mattia fez fortuna e depois morreu? Ou do fusilamento de Policarpo, Quixote brasileiro? Esta uma briga e tanto com o amigo Jussieu. Já tem gente de olho em mim. Todos agora querem escrever o romance. Todos se metendo a escritor. Que faze?

sábado, 8 de agosto de 2020

        











                                    Beirute. Cedro. São Marão. Fenícia. Fenícios. Amônia. Hizbulá. Protestos, quem protesta, meu povo? São Marão, São Marão, quem está por trás desta explosão? 

segunda-feira, 3 de agosto de 2020

















                               Teresinha tu hoje vai, Teresinha tu hoje, Teresinha tu hoje, vai.

sábado, 25 de julho de 2020














                                                  
                                              É pau, é pedra, a minha Aroeira. O Salgado dos negros, sem mato, sem cacimba e tanta gente em riba. Que te devastou terra minha. Dor minha, dor. Entropico-me no caminho. Gosto de te ver cantando, Ismael. O rouco som, quase gemido. Por quê choras, filho d`África? Quem te trouxe assim, tão triste? 

quarta-feira, 8 de julho de 2020

GOSTO DE TE VER CANTANDO

                











                              Alma minha gentil, por que partiste? Estou tão triste! Tragam-me pra dançar um frevo. Cadê, Capiba? É de amargar, tu não sabes como aqui está! E nem queira saber. Já não aguento mais. E no entanto, inda acredito, há de surgir a linda flor da madrugada.

segunda-feira, 6 de julho de 2020

SAINT-DENIS, SÃO DIONÍSIO DA CABEÇA













                                  Eu vejo um homem. Ele é negro, negro não, preto, pardo, marrom, sei lá. É um homem e pronto. Está caído, no chão, uma polícia aponta um revolver, parece não se incomadar, ao lado um saco, ele o abre e pega alguma coisa, deixa-me ver, sim, é uma cabeça ensaguentada. Ergue-se com a cabeça na mão, chega um carro da polícia. Os policias já de arma na mão. Ele atravessa a rua ignorando tudo e todos. Segurando a cabeça, anda, onde vai parar este Saint-Denis da periferia? Alguém me diz? Em que igreja entrará? A polícia o segue, atirando. Ele anda em passos lentos, as balas parecem de festim. Gritam-lhe, ordenando que pare. Por quê  a polícia continua atirando?  Quem mais louco? Para isto, os impostos? Não há quem os pare? Dime cristão, onde está tua fé? 

sábado, 4 de julho de 2020

DANÇA DA MORTE














                                           
                                               Pára, mulher, que loucura é esta? Pára com esta dança, não está vendo que as pessoas estão te recriminando? As pessoas morrendo e tu, nesta, loucura, dançando. Falando sozinho, Mancambira? Que sozinho! Não está vendo a Frau Troffea se acabando de dançar, enquanto passa o enterro de Chediak? Esta maluca está desrespeitando o sentimentos dos outros. Não, é possível, estão aplaudindo. Lá venho uma segurando saia. É louca, se juntou à Troffea e stá dançando também. Gente, venham cá, vejam esta loucura, já tem 5 mulheres dançando, quase em frente ao cemitério. É a dança da morte. O que deu nesta gente? 

quinta-feira, 18 de junho de 2020

CADÊ, CADÊ












                                              Zorquei iof ospre,  oãn  medop redpren nhami rehlmu, men nhami ahlfi, sale oãn met dana a rev moc tois. Samirgla ehl maicsed éta o oãhc. Que mistérios tem o homem! Esconde riquezas que até os céus duvidam. Os brutos também choram, não é, Shane? Ce nu em metam. Caluda, tacere. Senta-te e cala. Cala-te, não vás ajudar um impedimento. Voa, voa, valhacouto.

segunda-feira, 15 de junho de 2020















                                   Nailton, de Zavinho, compadre Nailton, a gente pulou fogueira. Dija, chupava o dedo coçando as pestanas. Na venda do pai, Mané Gonsalves, pegava um punhado de açúcar pra chupar o dedo. Jarbas tinha cacoete, mexia os olhos, a boca e as orelhas. Tak to je pecka. Isto é incrível. Só vendo para crer. E nós fazendo um convescote, sem conviva. 

sexta-feira, 12 de junho de 2020















                                       O que Didi entende de política? Ingênuo, o Niltinho, mal sabe que Didi estuda justamente na Sciences Po, também, nem mesmo sabe o que seja isto. Temos um grande defeito. Falar do que não entendemos.  E pior, com grande empáfia. Ih, falta-nos humbê. E por isto, nada sabemos.

segunda-feira, 8 de junho de 2020



                








                                                   Já disseram até que eu virava lobisomem. Nem  é lua cheia. Vira, vira vira homem, vira vira lobisomem. Veja só, Saura. Por que me ignoras, se estou a apenas treze quilômetros de ti? Tostados, meus filhos? Eram assim todos vocês. Não se lembram?