sábado, 3 de setembro de 2022

 






                                             Mar menino, tudo que não presta é brasileiro, estrangeiro, tudo que é bom, cafangava Antunin Gomes, entre uma cusparada e outra, batendo na bigorna para afinar um ferro, aprontar a máquina de Dona Peixinha, ela precisava costurar as encomendas para a missão. Ferreiro como Zé Cadeira e Zé Ferreira, gostava, porém de se ocupar com peças miúdas, enquanto levava a prosa, pois estes,  os locais das altas conferências de Capela, como os bares, as vendas, as alfaiatarias, as marcenarias e as quitandas, como a de Seu Zé de Liodoro. Os assuntos mais graves eram tratados aí, nem sempre como nos Concelhos da nação, com solução. 

                                 É mesmo o quê, Seu Tunin? perguntou Neco Preto? Pois não estão dizendo que o cara que tentou atirar na Vice-Presidente da Argentina é brasileiro? E né, não? Como? Só nasceu no Brasil, o pai é chileno, a mãe argentina e ele só viveu até os anos nos Brasil. Pai é quem cria, logo brasileiro é aquele que, embora nascido fora, foi criado aqui, com nossa língua, nossa cultura, nossos costumes. 

quinta-feira, 1 de setembro de 2022

 






                                               E tu, Mancambira, tu também acha que Kiro se vendeu ao presidente?  Oi e não? Tu acredita mesmo que alguém sem chance alguma de ganhar vai bater assim tão forte  no primeirão, sm estar ganhando alguma coisa? Se tu acredita, posso até dizer que tu, mesmo sendo um doutor é um ingênuo, um pobre coitado. O Siro se vendeu ao alferes, estão de treita os dois. Rapaz, mas, será? Será? Desta vez ele nem precisa ir pra Paris. Ele vai ficar é aqui mesmo dando risada. Mancambira tu é terrivel. Terrível? Vamos pra frente. Tu sabe escrever? Escreve aí neste teu caderninho que tu  trás aí sempre à  tiracolo. 

quarta-feira, 31 de agosto de 2022

DIARIO OS LOUCOS

 Enquanto Sardá está doido para por fim à própria vida, eu, de cá, lamento e choro por saber que não vou durar o quanto gostaria que durasse. Só 43, digo, muito cedo pra morrer, ele, 47, dizendo, muito tarde para se ir. Quem quer que nos esteja regendo, demonstra total ignorância da vida. Este tumor, na glândula suprarrenal, não poderia estar no Sarda? Ele, sempre a dizer: quero morrer, quero morrer. Será que o Cara é surdo? Nam queru ihir pra lugar nenhum, sequer ficar aqui é muito menos, alguém para voltar; odeio isto de se conhecer, independentemente de que seu eu; experiências? Que se danem!  Por acaso, pedi pra viver? Pedi pra vc morrer? Para quê? O nada, o tudo,  tudo tão chato quanto você, quanto ele, quanto quemquerqueseja! Deixem-me na minha insignificância! Hoje, fui no posto, comprar cinco litros de gasolina. Você deixou faltar gasolina no carro? Muito desligada, né? Não, vou jogar no corpo e na casa e botar fogo! É mesmo, antes tira uma foto dos peitinhos e manda pra gente. Eu vou  bater uma em sua intenção. Não faça isto, amiga. Bote, bote, amiga, bote pra arrombar.  Crianças juntas inferno consumado. Judeu é carrancudo, não suporta a gaiatice infantil. Um dia, um grupo delas passou a arreliar a careca do profeta Eliseu. Sabe o que Deus fez? Soltou duas ursas entre a criançada. As ursas mataram 42 delas. Imagina se Deus não fosse amor? Ih, amigo, que conversa chata? Chata? Tá nos Reis, II. Oh pobreza miserável! Oh pobreza sem jeito! Se pelo menos tivesse coragem de roubar! Que loucura, roubar? Sim, você acreditar mesmo que alguém fica rico sem roubar? Vi, um dia, um filme. Não me recordo o nome. Nele, um médico japonês dizia, cancro, consequência de ódio, raiva, rancor e  amarguras guardados em nosso interior que um dia explode. A predisposição genética existe, mas influi muito menos. Eu? Fracasso total. Meu bem-querer foi-se embora e fiquei sem entender o porquê, algo errado e era eu e sem saber. Esta duas-caras, hoje, sei, tarde demais. Dez? Sei lá, só sei que ainda o amo, oh vida doída, oh vida sem fim! Eu, invoco a Ganecha, pedindo-lhe que  afaste de mim todos os obstáculos. Feliz é você. Acreditar também consola, talvez melhor que remédios. Freud me receitou uma terapia. Que eu escrevesse cartas às pessoas que me fizeram mal e as queimassem depois. Agora não sei. Que fim dou às cartas? Eu pô-las-ia em garrafas e as jogava ao mar. A dor é tanta, um cansaço sem fim, uma completa ausência de desejos nos faz caminhar sem rumo e a procurar um alívio. Assim que fui num ilê. O pai de santo todo branco, inclusive o boné, um anel de metal barato em cada dedo, nas duas mãos. Pulseiras, várias, em cada braço, mil correntes no pescoço falava em inveja. Não é este, pensei, que vai aliviar minhas dores. Tão inútil quanto um Freud achando-se Deus. Jesus te ama, amigo! É? E me dá uma vida fila puta desta! Imagina se não me amasse? A louca da Andra Urrah, com aquele gemido tétrico, acaba com meu tesão. E tu ainda tem isto? Hahahaha, duvido. Hei, Você sabe qual plano secreto que Deus tem para você? Não, Pedro Bó. Se é secreto, como que posso saber? Hoje, sem nenhum motivo aparente, peguei duma lâmina e abri uma fende no meu corpo. ‘Stá doendo. Medo de mim. Psicopatia, será? Não, menina, o psicopata não se mutila, aos outros mutila, maltrata e mata. Goza com o sofrimento do outro. Pois, lá em.casa eu não compro papel higiênico, volta e meia me presenteiam com uma bíblia.

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

 







                                                 Salve Maria, mãe da misericordia, linda doçura, esperança nossa. Rezam a incelença as mulheres de Capela e eu, menino, curioso e medroso atento, ouvidos e olhos. Tristeza no ar, olhos marejados nas pessoas. Contrição, de joelhos, mulheres e homens  batem no peito, a voz grave e sortuna de um ancião entoa as jaculatórias, como saídas das profundezas da terra. Que misterio tem a terra? Ecoam no ar sonidos de misseis carregados de morte. Góis se matam em campo de batalha. Alguns, bem poucos,  sem dó, nem piedade nos impõem a morte. A nós, benditos e promessas de paraíso que se não sente, que se não vê, que se não tem  noticias de quem já partiu. Que misterio tem a terra? Quem nos esconde a vida? Digam-nos santos e sábios! Por quê tanta incertidão? Quem, com isto, se beneficia, oh Potestades?

quarta-feira, 29 de junho de 2022

 





                      

                         

                            No bar de João de Manin e parece que no bar de Sizino a discussão era a mesma. A mesma, aliás, em toda Capela.  Na venda de Antõe Cego ele já vaticinara, se querem soltar o Adélio, com certeza,  é pra morrer. Ou pra dar, agora, a facada. Outra facada, Seu Antõe? Não sei, houve outra? Perguntou, Antõe, Tiresias. E não? É tanta conversa! Quem já viu espinho furar sem sangue? Ele só tá lá prumode a justiça, Tuninho Gomes, com três cusparadas, sacudindo violentamente o ouvido direito com  o mindinho. É uma coceira nos ouvidos que não me aguento, e, lá vai outro escarro. Sumo de angerca, Seu Tuninho. Nada, já botei de tudo. E do ouvido passa pra garganta. É, principiou  com o mensalão daquele, daquele. O cão quando não vai manda o secretário. Só faltava os chifres. Podia tá envurtado, Seu Tuninho. Risada geral. O tinhoso tem poder de envurtar. Adespois, outro cara que se achava arriba do céu e da terra começou prendendo gente e tribunais calados, até derrubarem a outra e depois prender ou outro. Tudo golpe. Golpe, Seu Tuninho? Golpe. E, uma escarrada, destruição de nossas empresas. Nunca visto! As empresas, os donos, bastava prender, não acabar com elas. E o desemprego? Este cara não viu? Não se pode cantar e assobiar, Seu Tuninho, um falou de lá. juro que não sei quem foi. O autor não é um Deus e quem se achar assim, estará mentindo para si e para o mundo. Ao mundo pode até enganar, mas a si, jamais. Ele nunca saberá a realidade toda, muito menos o que está dentro de cada um, não é, Helô Pinheiro? Olha que coisa mais linda, vida, cheia de graça, ela passa, a guerra, passa.

quinta-feira, 16 de junho de 2022

 



 


             

                         Eu gosto de Juazeiro, mas adoro Petrolina. Sou como rês desgarrada nesta multidão, boiada caminhando a esmo, nas  águas, afogados, despedaçados, às feras, ao mundo atiçados e ninguém diz nada. Algúem para este demente? Nunca, nunquinha mais. Verás, verão, de vera, vã filosofia. Quero comer, Dona Léla, gritavam do colégio, internos d´Itambé, aperrear o Padre Vicentão. Acordado, sonhando os primeiros. Marly morena. O banco da frente é exclusivo pra esposa. E eu lá quero saber com quem se casa, Naruto? Hoje, sei, dia de Bloom. Sim, assim mesmo. Como Joyce, me recuso a ser carneiro. Eiro, eiró. Pó,pó pó, pó, pó, pó, póó Grieg. Arroz à la grega, como gosto, como e gosto. Pô, pô, pô não sou eu. todo mundo vendo. Não, sou eu que quero matar minha, estou enjoado dela.  

sábado, 11 de junho de 2022






                       Oi Dedè, pulinho aqui. C´pressa, Mancambira. Rapidinho. Conheço teu rapido. Qui papo estranho, visse? Qual? Já ouvi isso antes, será? A do cara, chamar o outro de Gente Inferior! Nada sei disto. Cê, bem que sabe, por que pergunta? Eu? Gói, queria dizer goi. E disse, em bom vernaculo! Briguinha de rico, eles brigam por qualquer coisa, até por desenho no ânus, nem isto o pobre tem, o que tem mesmo é o  fedorento, de apelido de todos conhecidos. Quando eu era pequeno lá em Barbacena, estas coisas nem entravam em cena, hoje, atores principais. Oh, mundo, oh mundo. Voltar, ouvir meu Zelenka. 

                       Confutatis maledictis 

                      Flammis acribus adictis

                      Voca me cum benedictis

                      Oro supplex  et aclinis 

                      Cor contritum quasi cinis

                      Gere curam mei finis.