sexta-feira, 20 de maio de 2022

 






                            


                                       Um morador de rua, eufemismo moderno para mendigo, morreu de frio em São Paulo. Este foi menos feliz que um outro de Brasilia. Se ele tivesse morrido em cima ou embaixo de uma mulher, estaria em todos os jornais do mundo, esta sociedade do espetáculo. Ter-se-ia esquecido da morte dele, como se estivesse num gozo eterno, invejado por todos. Mundo cão, não é Frei Teodoro? Sim filho, mundacho torto, este. Santa Maria, mãe de Deus, rogai a Jesus por eu, canta Antõe Cego, todo vestido de branco, estola verde no pescoço, com a qual enxugava do rosto o suor, manipulo de mesma cor, no braço esquerdo,  balançando com a mão direita sineta, enquanto sacudia a cabeça de um lado para o outro, um manto branco de algodão cobrindo os fieis. Curioso para ver, mas com medo. Seu Antõe não era o mesmo da vendola diária onde despachava de tudo, cachaça, fumo, fósforo, (Tem fosco Seu Antõe?) açúcar, sal,  e outras mercadorias trazidas de Feira de Santana ou da Bahia. Misterioso e mistico, uma áurea de santidade que todos reverenciavam, sem a adoração  lasciva que as devotas lançavam para outros  curandeiros. As mulheres diziam não saber o que acontecia com elas, se sentiam atraídas pelo "homem de Deus" Hoje elas usam e abusam do homem santo, e, ao depois, por razões que a ciência inda não conseguiu explicar, os denunciam e os põem bem engaiolados. E quem era de Deus, do Demônio vira. E quem era de deus do demônio vira. E quem à sombra do de Deus vivia, passa amargar o abandono, o desprezo e a pobreza e cidade sem o comercio de Deus, esquecida, decaída e a lançar ao vento, como o DrakhaBrakha, seus lamentos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário