quarta-feira, 4 de maio de 2016

A MORADA















              Enquanto se remoía no salão as ideias mais estapafúrdias,  Dá, saiu a respirar, no quintal, um pouco abandonado do sobrado.  Algumas  ervas estavam cortadas por ela que pastava e comia a ração  diária. Um cocho de comida, outro d´água. Estava deitada ruminando, de ubre túrgido. Ele a tocou, em cada teta.  Ela pareceu gostar,  túrgido também ficou.  Ao repuxo das tetas, branco leite esguichou cálido sobre suas mãos, umedecendo-as delicadamente. Ouvia-se o burburinho, mas não se podia distinguir vozes. A mão se insinuava entre as tetas. Um fogaréu tomou conta do corpo. Maravilhado. Quanto tempo, mesmo presentes corpos lindos, não acontecia. Perder a oportunidade, não podia, nem devia, apenas cuidar. Não ser pegado nesta função zoofílica. Ânsia e medo de denunciar sua parafilia. A mão nas tetas escorregava lentamente até a xiranha intumescida e quente. Suavemente o vai e vem e o balido suspirado misturado às vozes vindas das varandas. Cuidar, que venha logo, que não venha  um curioso atrapalhar. Jogar sal no fogo espantar o azar. Onde está o fogo? Cadê o sal? Se sair daqui amolece, e adeus saudade. Melhor continuar, mesmo que arriscado. Um friozinho bateu no espinhaço, quando chegou à copa beber água. Cantarolava uma canção não quero ser carneiro nem a ovelha tosquiada do peão.  Vozes, vozes se misturam ao grito. Horus, vai é tarde, horas de te recolheres à tua morada. Uma mulher divinal  apareceu, seu rosto transbordava alegria, trazia na cabeça um disco solar, ornado de dois chifres em forma de lira, seu corpo esguio era-o de mulher e  de uma vaca, pintada de estrelas. Horus, se aninhou no seu colo e adormeceu.