Eu não sabia,  Mancambira, que Marilyn Monroe e Arthur Miller tinham um cachorro chamado Hugo. Mas que despropósito, chamar um cachorro de Hugo. Pra gente, cachorro era Chaplin, Quelí, ah, Queli era de papai, mas não se acostumou lá na Pedra Branca, quando o levava, ele voltava pra Ourissanga. Cachorro, como gente, tem mania e Quelí era manioso inté demais. Também, nem sei, papai nunca foi apegado a bicho, nunca o vi, brincando, como meus tios, com Queli, talvez por isso, Queli tenha escolhido com quem morar. Pois, o bicho é quem escolhe o dono, sabia Mancambira?

A BELEZA DO NOSSO TERECÔ

  

      

                   Oxumpará, rainha dos rios e das cachoeiras nos ampare e proteja. Nos proteja, mia senhora, das águas revoltas do mundo, dos precipícios do mar profundo, dos trovões e raios iracundos, do mundo, deste imundo mundo. Eu já vi fogo pegar, eu já vi água arrastar em que se pode confiar?

        

                

                      

TEXIT

 

                É Mancambira, os Estados Unidos não são tão unidos assim. Alguns estados lutam pela independência. O Texas, já foi da Espanha e do México. Foi? não sabia, Dá. A Texaco, então? De lá. Mas quando eu digo! Uma rede bem trançada, o mundo. Assim,  dizem os estudiosos. O mundacho torto, de Frei Teodoro. Nada solto,  invisíveis fios se atracam e nós nos perdemos neste cipoal. Um flato aqui e se sente no outro lado mundo; um traque lá e cai aqui no nosso colo. E nada podemos contra isto. É como a vida se tornou. Então, olhos, ouvidos e boca e mudamos o mundo. Por isto, apoiar o Texit, a independência do Texas. Não é direita? Sim, pouco importa se é pá nós, prumundo. Apoiar até com dinheiro. Ver nascer nova experiência de governo, Mancambira. Tem do mundo todo estar nesta luta, Zé Mancambira. O Texas independente, bom pra todo o mundo. O porquê, um dia, te digo. Ou, talvez, nem precisará dizê-lo. Todos irão compreender.

                   

                    Loguinho, Loguim, no comecim, por aqui chegou por engenho e arte d’um filho de Abraão, de alcunha portuguesa, Fernão de Noronha, a escravidão. Este, alugara da Coroa  300 léguas de terras, pagas facinho, facinho com a mercância de ibirapitanga, de indígenas e de negros para escravização, dando início, nestas terras, a moderna escravidão.

         

    

                     Naru e outros nematóides que matava com purgantes, tomados de manhã cedo, antes de ver qualquer folha verde, por perder o efeito e à força, tapando-se o  nariz para não vomitar, de tão ruim que eram. Meia horas depois era um horror de lombrigas que saiam contorcendo-se e às vezes eram tantas que precisava tomar remédios. Elas vinham e eu as puxava com mão, com nojo, mas sem medo.

QUID

 

                      

                         

                                 Quem és tu, espírito do mal, que atravessas meu caminho?chou, chou, chou daqui, cascavel, com teu medonho chocalho. Sinto que não sinto, como antes. Estava em toda parte, sem cansaço, nem enfado. Bater perna, jogar conversa fora, como gostava. Quem és tu, homi? Where as treinadas pernas com o jogo da capoeira? Quem te botou? Capoeira no chão. Quem te botou? Me incomoda a não vontade, o amofinamento, a estafa, o não querer, esta  dormência. Eu durmo, eu acordo e vejo coisas, nem se dormindo ou acordado. Eu vi o trem por dentro d’água. Um grand’homem desceu dele, cofiando as madeixas laranjas. Falava fazendo bico, por sestro ou charme. Quem vai saber? O Laranjão caminhava com o corpo jogado para um lado, sempre entre homens fortes na frente dos lados e atrás. Parece que havia lido a vida de Lampião, porque trazia, pendurada no cinto, uma caneca, (Turing amarrava-a nos canos de aquecimento, para evitar que a roubassem, cada louco, sua mania) na qual bebia, onde quer que fosse, água ou qualquer outro líquido que lhe oferecessem, além de exigir que alguém tomasse o primeiro trago, para se certificar não haver qualquer substância tóxica nela, após o que, o cabeção bebia despreocupado. Enquanto isto, o Zepiquinha, age como o ladrão que volta ao local do crime para vender o produto de seu crime. É como um certo prefeito de Gandu. Mandava prender o opositor para depois se apresentar ao delegado pedindo sua soltura. Ou ainda como Capitão Gancho, Roubou nas lojas Printemps uma coleção de 12 volumes de História Universal e depois de lê-la, voltou à loja para vendê-la. Muito cinismo junto. Bunda Frouxa estaria naquela lista? Meninas, eu vi! Quanto lindas em busca da pedra! Talvez, nem tenha comido o dia anterior. Coisa, coisa nos teus braços! Tampouco aprovo, chamá-la de ex-garota de programa. Inveja de quem, sendo, não chegou lá. Bufa Frouxa, certamente me aplaude. Muitos se queixam de não ter sentido o que, aqui vai escrito, como se a vida seguisse um roteiro previsto, e não sabem que, mais se escreve para se sentir que para sentido ter. E parece que o Bunda Frouxa também é  é pedófilo. Está na lista do Pedra, não se sabe ainda, se pra comer ou ser. O Pedra que terminou suicidado porque chega um momento no qual o  o útil passa a ser perigo para todos e neste caso, o silêncio é o melhor dos remédios. Nunca se esquece, quando meirinho, foi, fria e violentamente, recebido por um famoso joalheiro. Naquela hora, sentiu o peso do ouro, mesmo representando o Estado, quis matá-lo, mas quem o silenciou não foi ele, inda bem que o desgraçado não merecia nem o desprezo. E quem é o verdadeiro pai de Jesus, Espinosa? E lá sei eu, pergunta a Pantera. E meus olhos viram. Um homem tirava fotos do grandalhão bem de longe, porque seguranças afastavam quem tentasse se aproximar; de repente, no lugar clique, se ouviu um algo como um sopro. O laranjão cambaleou e foi escorregando para o chão, muitos correrão a socorrê-lo, outros a buscar de onde saiu o sopro. Gritos e tiros para o ar. Ninguém arrede o pé, todos parados, com mãos para cima!