quarta-feira, 31 de agosto de 2022

DIARIO OS LOUCOS

 Enquanto Sardá está doido para por fim à própria vida, eu, de cá, lamento e choro por saber que não vou durar o quanto gostaria que durasse. Só 43, digo, muito cedo pra morrer, ele, 47, dizendo, muito tarde para se ir. Quem quer que nos esteja regendo, demonstra total ignorância da vida. Este tumor, na glândula suprarrenal, não poderia estar no Sarda? Ele, sempre a dizer: quero morrer, quero morrer. Será que o Cara é surdo? Nam queru ihir pra lugar nenhum, sequer ficar aqui é muito menos, alguém para voltar; odeio isto de se conhecer, independentemente de que seu eu; experiências? Que se danem!  Por acaso, pedi pra viver? Pedi pra vc morrer? Para quê? O nada, o tudo,  tudo tão chato quanto você, quanto ele, quanto quemquerqueseja! Deixem-me na minha insignificância! Hoje, fui no posto, comprar cinco litros de gasolina. Você deixou faltar gasolina no carro? Muito desligada, né? Não, vou jogar no corpo e na casa e botar fogo! É mesmo, antes tira uma foto dos peitinhos e manda pra gente. Eu vou  bater uma em sua intenção. Não faça isto, amiga. Bote, bote, amiga, bote pra arrombar.  Crianças juntas inferno consumado. Judeu é carrancudo, não suporta a gaiatice infantil. Um dia, um grupo delas passou a arreliar a careca do profeta Eliseu. Sabe o que Deus fez? Soltou duas ursas entre a criançada. As ursas mataram 42 delas. Imagina se Deus não fosse amor? Ih, amigo, que conversa chata? Chata? Tá nos Reis, II. Oh pobreza miserável! Oh pobreza sem jeito! Se pelo menos tivesse coragem de roubar! Que loucura, roubar? Sim, você acreditar mesmo que alguém fica rico sem roubar? Vi, um dia, um filme. Não me recordo o nome. Nele, um médico japonês dizia, cancro, consequência de ódio, raiva, rancor e  amarguras guardados em nosso interior que um dia explode. A predisposição genética existe, mas influi muito menos. Eu? Fracasso total. Meu bem-querer foi-se embora e fiquei sem entender o porquê, algo errado e era eu e sem saber. Esta duas-caras, hoje, sei, tarde demais. Dez? Sei lá, só sei que ainda o amo, oh vida doída, oh vida sem fim! Eu, invoco a Ganecha, pedindo-lhe que  afaste de mim todos os obstáculos. Feliz é você. Acreditar também consola, talvez melhor que remédios. Freud me receitou uma terapia. Que eu escrevesse cartas às pessoas que me fizeram mal e as queimassem depois. Agora não sei. Que fim dou às cartas? Eu pô-las-ia em garrafas e as jogava ao mar. A dor é tanta, um cansaço sem fim, uma completa ausência de desejos nos faz caminhar sem rumo e a procurar um alívio. Assim que fui num ilê. O pai de santo todo branco, inclusive o boné, um anel de metal barato em cada dedo, nas duas mãos. Pulseiras, várias, em cada braço, mil correntes no pescoço falava em inveja. Não é este, pensei, que vai aliviar minhas dores. Tão inútil quanto um Freud achando-se Deus. Jesus te ama, amigo! É? E me dá uma vida fila puta desta! Imagina se não me amasse? A louca da Andra Urrah, com aquele gemido tétrico, acaba com meu tesão. E tu ainda tem isto? Hahahaha, duvido. Hei, Você sabe qual plano secreto que Deus tem para você? Não, Pedro Bó. Se é secreto, como que posso saber? Hoje, sem nenhum motivo aparente, peguei duma lâmina e abri uma fende no meu corpo. ‘Stá doendo. Medo de mim. Psicopatia, será? Não, menina, o psicopata não se mutila, aos outros mutila, maltrata e mata. Goza com o sofrimento do outro. Pois, lá em.casa eu não compro papel higiênico, volta e meia me presenteiam com uma bíblia.

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

 







                                                 Salve Maria, mãe da misericordia, linda doçura, esperança nossa. Rezam a incelença as mulheres de Capela e eu, menino, curioso e medroso atento, ouvidos e olhos. Tristeza no ar, olhos marejados nas pessoas. Contrição, de joelhos, mulheres e homens  batem no peito, a voz grave e sortuna de um ancião entoa as jaculatórias, como saídas das profundezas da terra. Que misterio tem a terra? Ecoam no ar sonidos de misseis carregados de morte. Góis se matam em campo de batalha. Alguns, bem poucos,  sem dó, nem piedade nos impõem a morte. A nós, benditos e promessas de paraíso que se não sente, que se não vê, que se não tem  noticias de quem já partiu. Que misterio tem a terra? Quem nos esconde a vida? Digam-nos santos e sabios! Por quê tanta incertidão? Quem, com isto, se beneficia, oh Potestades?