E os peixes nadam nas águas, doces e com sal, da forma que vieram ao mundo, e assim, vêm para teus pratos e tu os come, sem reclamar de despudor. Não é assim, señor Pound?
segunda-feira, 28 de dezembro de 2020
domingo, 20 de dezembro de 2020
terça-feira, 15 de dezembro de 2020
domingo, 13 de dezembro de 2020
Em verdade, em verdade amigo. eles não querem te prender, eles querem te matar. Esta é uma nova técnica de tortura, muito mais eficaz, mais psicológica do que física e por parência legal, não é percebida. Poucos, pouquissímos percebem, acho que nem mesmo tu, percebeste, tanto que ficaste, supreso quando te falei. Não é verdade? Tua vida foi toda mais ou menos isto. Olhe para trás e verás.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2020
Não sei se há igual. Você acredita, Claudio, que haja? É tanta leveza naqueles dedos, tão simpáticos aquele sorriso, com cebeça ligeiramente inclinada e jogada pra trás, é tão suave o som que sai de seu acordeão que as pessoas não poupam adjetivos para ela. Ah, você fala de Ksenija Sidorova? Sim, Claudio, de quem mais poderia ser? Sei lá, são tantos os deuses produzidos no mundo que nem se sabe a quem adorar. Deuses não faltam para serem venerados, quando se esquece de um, outros aparecem e passamos a venerar até cansar e cair de moda. O homem se cansa fácil, se não fosse assim seria muito tedioso. Verdade. Vejo uma mulher morena, de traços que lembram a Iracema de José de Alencar trajando roupas finas de dormir e me apaixono e passo chamá-la deusa e passo a vê-la em sonhos e passo a ter ciúmes e passo a proibir de olharem-na e passo no passeio e passo no paço e passo sobre o passo e volto no passo e passo e repasso, me perco no passo do paço.
terça-feira, 8 de dezembro de 2020
Aqui de meu donjom, vejo a terra lá embaixo, cervos pastam na pradaria, se viro a nuca, vejo o curral do garapa como se estivesse um andar acima. É lá que se enterram os mortos porque o massapê, duro, não facilita cavar a cova e quem morrem tem pressa entrenós, juas, certre, encore, vier, aser, soem. lafe, nema, doe, quic. quain, oemde,
domingo, 6 de dezembro de 2020
Jurupinga papai trouxe da Bahia botou na prateleira era caro ninguém comprou ele abriu a garrafa e deu um pouco a cada um todo mundo gostou mas não comprou ele bebia um pouco antes do almoço muita gente bebia pagava a metade e ficava devendo a outra metade alguns esqueciam de pagar a outra metade papai bebia dizendo pra não mermar outros diziam alcool não merma ele bebia assim mesmo Pereira alfaiate numa bebedeira quebrou afrasqueira de café levou mais de seis meses pagando por semana um dia seu Edson dentista veio e tomou uma dose para abrir o apetite disse dentista ganha muito dinheiro pode tomar todos os dias mas ele só tomava uma vez ou outra até a jurupinga acabar a garrafa era bonita e mamãe botou para enfeite de casa como os frascos de perfume depois ele fez licor de jabuticaba e botou na garrafa ficou parecendo jurupinga papai vendia perguntavam se era jurupinga você dizendo e vendia uns achavam gosto de jabuticaba e diziam não sabia que jurupinga era feita de jabute nem pra desconfiarem do preço era menor.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2020
VOMITÓRIOS ROMANOS
Foi em 48, 49 ou 50, lá vou eu saber. Com seis, sete ou 8 anos eu nem tinha certeza que existia! Festa no Lagedo Alto, casa de Elias Sanfoneiro. Pessoas pegavam refrigerante quente, lá não energia, muito menos geladeira, sacudiam-no e jogavam uns nos outros. Um grande desperdício, pensei. Mal sabia que anos depois iria ler que os romanos nas suas festanças, comiam, comiam depois iam para um local, o vomitório, metiam o dedo na garganta, vomitavam e voltava para comer. Porquê se faz isto? Digam-me. Os romanos tinham muita comida. E as províncias ao redor do mundo, tinham o mesmo tanto? Os soldados, pagos com sal, faziam isto? E a pistola Walther PP usada por Sean Connery James Bond foi leiloada por 256 mil dólares. Ainda mata, fome, ou só para ter? Oh mundacho torto.