ZÉ CELSO

 

                                       Sei, não. Esta morte do Zé, me parece estranha. Muita coincidência numa coincidência. Que você acha, Mancambira? Ih, não acho nada. Ovo não briga com pedra. Mas bem-te-vi carreira em gavião. Lá, isto é verdade, Dá. Mas você já viu bem-te-vi comendo um gavião? Dizem que tinha escravos na fazenda. Dizem. vendo o peixe pelo mesmo preço.  Qualquer coisa eu nego, inté sou mudo e surdo, meu senhor. Vanitas, por que tantas, se iguais na totentanz? on tu tá, Zé? Tu me arcança? Mermo gritano? Tu tá veno, Antõe Cego daí? E Mancambira? E Mariquinha de Onofre? E Nanã tu vê? Lá pro lado do Muquém.  E o vei Leôncio, no Malacacheta? Este povo é brigador, gosta de bater em mulher. O vei Nezinho. Quanta água tem o mar?

NOITE EM PARIS - A publicar o livro, com qualquer valor.

Pix - 06173608553

 

                             

                                                    

                                      Tia São Pedro tinha gêmeos. Quem tem gêmeos faz festa a São Cosme e São Damião. E dizem que nem santos são. Eu. Já quis ser santo, um dia. Bonito fazer milagres. Isto já foi forma de ostentação. Todos admiram. E se faz de conta, que não se  importa com a fama. Besta, um abestado, o homem.  Qualquer merdinha se espanta. Milagre. Basta não conhecer, milagre é. A vitrola RCA Victor. A única em Capela. Só Cassiano tinha. Ele, abrindo-a, colocava-a no balcão, punha um disco, rodava a manivela, pegava no braço e botava-o sobre o disco. A mão começava a correr sobre o disco e a voz saia. Eu tenho uma mula preta, com sete palmo de altura. Tia Rita saia dizendo, coisa do cão, fim mundo. Se não se conhece ou é milagre ou é do demo. Nem toda verdade é prá todos. Nem toda mentira deve ser reconhecida como tais, não é, Humberto Eco? Insano mundo. Verás coisas, quando chegares a Paris. E viu. Um americano ser preso porque nós pés da Torre Eifel. Atentado ao pudor, saiu até nos jornais. E falavam da França como a terra da liberdade, das mulheres liberais. A imagem que o cinema, Brigitte Bardot e companhia. No Brasil se mija até nos pés do papa, se ousar descer do papa-móvel. Como ele não desce, mija-se no pneu mesmo. Tu não te lembras quando, no Jardim de Luxemburgo, estavas te agarrando-a à Betty e o policial chegou ameaçando-te prender, por atentado ao pudor?

DEMOCRACIA RELATIVA

 

 

                                   E eu, Zé Mancambira, digo ao excelentíssimo senhor ministro Gilmar Mendes, que aliás, e apesar de tudo, tenho como um grande judecator, que tampouco é democrático um país que leva um processo a vinte, trinta e até cinquenta annos, como tenho eu, cuja causa não é a lei, mas a indolência e má vontade do judiciário,  para julgá-lo e transitá-lo em  julgado. Ôpa, Horus Didi, você foi muito longe, agora. Não, Zé, apenas ao dia em o senhor judecator impediu Lula de ser ministro, dando início a tudo. Democracia brasileira, tchu!

Para publicação do livro, qualquer valor, Pix - 06173608553