Oxente, gente, non tá vendo que tá tudo errado? Curandeiro, rezador, benzedor, sangoma. A razão tem limites, né, Gödel?
A dor vem quando menos se espera. Tu não tinha outro dia pra morrer, não? Sua nojenta, logo quando estava me preparando para de Freud e outros curandeiros, tu vem a morrer? Não que não queira que tu morras ou tu vivas, já que tenhas trocado o homem pelo bicho, como se fosse possível salvá-los do homem ou de outros bichos. Não me parecias tão malucas quando me pedistes para ensinar o caminho do banheiro lá no Feijoada, de Madame Faure. Tu te lembras?
Nem sei porquê iria falar dele. Enfim, falemos do que na cabeça vem primeiro. Tive pensando, se existe ♾, por que teria ele de existir? Responde, cabrunco! Responder, logo eu, tal qual Sidinei, cego, mudo e surdo! Mordedor dr corvos, queria ser, antes que a fome matasse no sertão lá Capela a Mairi, não no havia, nem prá remédio. Pulo pra o Nó de Pau, na casa de Dona Judite o na Polícia e nas Ruas. Como e porquê sei? No rádio as clarinetas de Rimskij-Korsacow no Capricho Espanhol.
Mas quand’eu digo, ninguém querdita! Mirosmar Zézé di Camargo tirando uma de mentor político agora! E apois, num andou botando os burros n’água ao criticar as herdeiras do Sr. Abravanel por receber o Sr. presidente da República e o Sr. Ministro de STF em sua Rede de televisão?
Por quem se tem o Sr. Mirosmar, Vulgo, Zézé Di Camargo?
Ah! Que saudade de quando peidava sala e ninguém me apontava. Hoje, nem preciso peidar.
Se Darwin é tão bão, por quê a seleção natural jamais ganhou um mundial?
Somos? Condenados a ser livres?
Se é que ele nasceu um dia, só viu jegue, cabras e vacas.
Por quê, sabes dizer-me, eles não foram trabalhar no Centro Mundial de Comércio, naquele Onze de Setembro?
E que você acha, Horus Didi, deste tal de PL do Dosimetria da Pena? Nulo, Mancambira, inteiramente nulo! Nulo porquê? Porquê do desvio de finalidade. Depois este PL provoca uma imensa insegurança jurídica, porque muda as regras do jogos depois jogo acabado, para beneficiar única e exclusivamente uma parcela de criminosos, e, neste ponto, atenta contra o princípio da isonomia de que todos são iguais perante a lei. Mudar a regra do jogo depois de findo ponho, seria o mesmo, após uma desfavorável poricutar outro para obter melhor sentença. E neste caso, fere-se o princípio do juiz natural para acolher o juiz de exceção.
Onde quer que estejam, Mancambira; Seja lá, quem for; nenhuma palavra mais. Deus está-nos testando para ver o quanto temos de fé; oxente! É mentira, então, que Deus saiba tudo? Kisiki hai é tronco vivo na Tanzânia. Quando eu me cortava sentia um alívio momentâneo, como se eu tivesse conseguido externar o que não havia conseguido. Viciante. Era. Só parei quando o psiquiatra me orientou de segurar gelo. Toda que me dava vontade de me cortar, corria a segurar gelo. Foi um processo demorado, mas consegui. Tinha medo e acho, tenho ainda, de surtar e não voltar à normalidade. Ouço bem longe, Nelson Gonçalves, algum octogenário ouve a Volta do Boêmio, não sabia que ele tinha sido preso por drogas, viciado, nem que tinha sido boxeador. O brasileiro tem de aprender uma luta para saber defender-se, hoje, viver, um perigo é só tu te defendes nestas horas. Se não puderes correr, não morra, mate. Louro, matou Lica com uma machadada. Machadada de amor, antes ninguém sabia que a amava. Foi no Boul’Mich, alguém me pára. Uma informação. Levo você, lá. Não precisa. Vou pra perto. O que é a vida. Nos tornamos amigos. Um dia, sorrindo me disse. Quando mais jovem pedia a Deus uma bicicleta. Deus nunca me dava. Então, roubei uma e lhe pedi perdão. Você fala tuyuca? Nunca nem ouvi falar. E você, Mancambira. Ave Maria, mãe de Deus rogai a Jesus por eu, como Antõe Cego. Encontro com uns colegas da justiça federal, em congresso, em Salvador, enquanto conversava com alguns, um gritou, ei, gente, onde foi que vocês arranjaram este cascabulho. Nem esperei qualquer resposta. Rapaz, paro dar atenção vocês e você me vem esta xenofobia na minha própria terra? Você diz isto porque está em turma, me acompanhe e venha repetir o que disse. Fui saindo. Olhei para traz. Ele não me seguiu. Ainda bem que acordei. Entre uma e outra cusparada, o velho Tunim Gomes dizia: Quem compra atestado, também é desonesto, Mancambira. Matem os cães, antes adoeçam. Melhor orar na minha quêrque, quem sabe não vou pro valhala onde serei levado pelas Valquírias esperar o ragnaroque. Queira Odim que sim. E vocês? Por quê me perguntam isto? Se ainda corro atrás das negas? Digo como Woody Allen, se corro? Corro, mas esqueci o porquê? Sim, com certeza, Mancambira, o fim de passarinhos em gaiolas, será sua total extinção. O quê, Horusdidá? Sim, basta olhar para o gato e cachorro! Hoje gastam dinheiro na castração de gatos e cachorros. Não é contraditório?
IDEIA de Juju Róis
Esta manhã acordei pensando ser o maior dos heróis, nem sei quem eu era exatamente, sim que eu era muitos, todos com diversos poderes. Poderes que se dispersavam e agora me via na Rua do Buraco, em Gandu dos jacarés e do Corujão, onde nasci, arrumando-me para o Polivalente, onde estudava. Que eu adore acordar cedo, nem vou falar, porquê mesmo sem aula, tenho de madrugar para trabalhar. Em verdade, nem de estudar, nem de trabalhar, eu gosto. Bom mesmo é não fazer nada obrigado, fazer só o que se gosta, no meu caso, preciso ajudar nas despesas de casa, e, assim, o jeito é fazer um outro e outro e tentar gostar. Não tenho escolha, me chamou tou dentro. Mais novo gostava de comprar. As pessoas davam o dinheiro. Eu pechinchava até conseguir um desconto e recebia um troço que sempre ficava pra mim. Diziam você conseguiu, fique você. Tem de jeito pra tudo. Por isto, puseram-me o apelido de Zé Pechincha. Não me importo, o importante é ganhar e um real a mais, não faz mal a ninguém. Não é assim que galinha enche o papo? O que gostaria mesmo era de ser um mago, estalar o dedo e a coisa aparecer. Mas deixa eu me arrumar, um ovo com farinha, café e banana para desjejum. Nós comemos pouco pão, caro, nem sempre se tempo nem grana. Trago, às vezesque trago, às vezes, quando peço pra ajudar na padaria. Cortar, carregar e empilhar a lenha pra não molhar; pô-la no forno, esperar fazer a brasa, encher os cestos, muita coisa, eu gostava muito. Também gostava de trabalhar na saboaria de Seu Almir. Era com lenha também, mas para cozinhar os ossos, apurar o sebo e fazer o sabão. O que eu mais gosto de fazer é ensinar aos meninos a fazer seus deveres e atividades. Descobri que aprendia mais rápido de que todo mundo. E foi daí pensei ensinar, inicialmente, de graça, depois comecei a cobrar. Os país não gostavam de pagar, achando que eu não soubesse da matéria, mas quando mostrei que sabia e que não podia deixar outro trabalho para não ganhar nada, ensinando, eles passaram a me pagar por banca. Muitos me davam os livros e estudava antes toda a atividade e outros assuntos. Havia sempre um que demorava de pagar, mas eu cobrava e eles pagavam. As pessoas me perguntavam como eu aprendia e eu não sabia, apenas dizia que aprendia lendo. Era fato, tudo que lia, via ou ouvia não esquecia mais. Uma conversa na rua, no rádio ou na televisão era o suficiente para não mais esquecer. E ainda quando não entendia sempre perguntava aos professores que nem sempre queriam explicar na aula, mas alguns explicavam depois das aulas. Fui aprendendo que saber dava mais respeito.
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NA ESCOLA
Acordei cedo, mas terminei chegando atrasado. Aula de História.
A professora parecia não gostar muito de mim.
- Você aí, seu atrasadinho, qual foram os indígenas que comeram o bispo Dom Pêro Fernandes Sardinha?
Me lembrei da piada, mas não quis arriscar ser o engraçadinho e responde firmemente:
- Foram os índios Caetés de Alagoas, professora.
Quebrou a cara pensou que eu não acertar. Não sei porque ela implicou comigo, deve ser porque chego atrasado na primeira aula. Ela não sabe, ou faz de conta que não o sacrifício que faço para estudar. Criado com vó, ainda tenho de cuidar dela antes de sair. Às vezes, na aula, eu me distraio, viajo na maionese, a professora percebe e me pergunta alguma coisa, parece que eu adivinho, eu sempre respondo certo. Todos ficam impressionados, inclusive ela, que tenta me pegar com uma pergunta difícil. Eu não faço porque quero, para abusar, me acontece a distração, as viagens da minha mente. Agora mesmo estava pensando num sonho desta noite. Uns meninos tentavam fazer bullying e eu tentava bater neles, mas o murro saia tão fraco que ainda mais riam de mim. Eu não posso entender porque acontece isto, eu não tinha medo deles, mas ficava chateado de não poder bater neles, de me faltar forças para tal, por isto eu os evitava, não por medo. Os meninos da minha idade sempre falam em namorada, eu ainda não namorei ninguém porque tenho vergonha da minha condição. Elas não gostam de quem faz trabalho braçal, mal sabem elas, que com meu trabalho, faço mais dinheiro do que a mesada que seus pais lhe dão. Algumas delas chegam a me dizer que gostariam de namorar comigo, mas que seus pais não deixam. Eu não me importo, na rua Manoel Novais, rua da Delegacia, como é mais conhecida, tem uma casa que tem 4 meninas muito bonitas, eu gostaria de namorar com todas elas, mas a timidez não deixa. Mas o que há-de ser, será. É como dizia minha tia Nanã. Eu me lembro muito dela e ela gostava de mim. Muito do que sei agora, ela me ensinou. Quando lhe dizia eu não sei fazer isto, ela dizia, aprenda, fazendo. Sem um começo nada se faz, se errar, faça de novo. Como era sábia! A escada mais alta sempre começa pelo primeiro degrau, o mais baixão.
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Me chamaram para ir, depois da escola, bandeirar cacau em Teolândia, na fazenda de Dona Maria Reis. Gosto de trabalhar no cacau, além de tomar mel, a gente pode trazer algumas cabaças ou bagas para fazer chocolate. Adoro o mel de cacau mais ainda o chocolate que minha vó faz. Ela pega as bagas bem secas, crocantes e passa no moinho de milho, depois ela põe leite e açúcar e às vezes castanha de caju e bate no liquidificador, formando aquela pasta que leva ao fogo lento. Um beleza e cada dia ela faz de jeito pra gente tomar no café Lá vou eu pra roça, amanhã é sábado e posso trabalhar até domingo. Podar, desbrotar, roçar com Bôscoli, tudo gosto de fazer. O tempo, como sempre, chuvoso e as estradas perigosas, obrigando-se a se usar correntes nas rodas para subir as ladeiras. Tinha medo do carro cair num precipício que eram muitos, embora, ao mesmo tempo, não sei porquê, achasse que se acontecesse algo, não morreria. Foi assim que fui me acostumando com situações difíceis e me saindo bem sem nenhuma lesão. Gostava de me exibir, mostrando que não tinha é assim é vencendo o medo que de fato, eu tinha. Assim subia em qualquer árvore, furava mel, sem das abelhas, montava em burro brabo, enfrentava vaca parida, e touro bravio. Fazia tanta estripulia que muita gente não dava trabalho, com de eu morrer. Eu não tinha o menor medo de morrer, tinha medo de muita coisa, mas tinha impressão que não morreria. Um dia, inventei de pegar uma cobra, eu tinha tanto nojo, mas para me exibir, fui lá. Sabia que se estivesse andando ela não me morderia. A
Amor, se fosse um pum, eu nunca mais te soltaria.