sábado, 21 de janeiro de 2023


   


   

                             

                            Cê viu, Mancambira? A roda gira, o mundo gira,  sair do compasso, atropelado será. Com o bugre, foi assim. Quem? Dani Alves. Sabia não. Não? Juro, Didi. O que foi agora? Uma esparrela. Caiu? Asno, muito, né? Veja em quem votou! Não diga? Como caiem numa desta? Capitalismo, meu veio, capitalismo, vale tudo. Não soltou grana, como o outro, pru xilindró, largar de ser idiota. Mondo cane. Enquanto isto, exterminam-se yanomanis. E que tem uma coisa a ver com a outra? O captal. Burro e casquinha. sozinho na Policia. Quebrou a cara. E foi ardil mesmo? Primeiro, recado por um garçom, denunciando-se. um lascado como eu, aceitar-me-ia? Confundir porta de retrete, com porta de salão vip, ingenua a bichinha. Quem primeiro entrou? Ela? Por quê deixou ele entrar? Abriu, pra ele a porta? Arrombou ele a porta? Ele entrou primeiro? Que foi ela, fazer lá dentro? Só mijar ou cagar?  Não deu para gritar? Oh1 teve beijo na boca? E quem introduziu a ceguinha? Que mãos guiaram a pobre cega, pela desfiladeiro a dentro? E as paredes capazes de se estreitarem tonando o acesso instransponível? Sem ajuda impossível. Ah, teve um garsom na história. Não foi ao sanitario tão inocente, foi, Cambute? Doutor, fazer como os outros, no mundo de tudo hai. Você, Cambute, acredita nisto? Não dizem por aí? de tando ouvir a gente é obrigado a acreditar, ou, pelo menos, duvidar,  Haroldo, você é um sábio, em Gandu, ninguém mais sábio. E na hora de empurrar ceguinha? Se na cama já é difícil, imagine em pé? A não ser que  tenha um sofá do banheiro, o que eu duvido muito, como você diz que de tudo hai! E que música tocava na hora? O concerto para celo em lá menor de Vivaldi? 

                   


sexta-feira, 20 de janeiro de 2023






                       Cubra a cuba. E deu as costas ao mundo. Calados todos ficaram, e, se proibiu a todos o comercio com seu povo, aí, mataram todo ser vivente, velhos, crianças, mulheres,  e caneiros, ovelhas, bois e vacas e tudo o mais que sobre a terra respirasse. Quem determinou esta chacina? Em nome de quem este terror? Em nome de que tais horrores? Ficas tu, silente? Não é contigo? Tens tu, certeza de que isto não te possa, um dia, te atingir? A quem irás tu, recorrer? Que nome gritarás tu, em teu socorro? Pobres, desvalidos  cães. Viram coisas minhas cãs. E  quantas, inda virão? Bem disseste, Frei Teodoro. Verás coisas meu filho. Vocês verão cousas, meus garotos.

sábado, 7 de janeiro de 2023




   


                                             Estou na Praça da Piedade, não Praça do Campo Grande, mas já é o Jardin de Luxembourg que fica bem  atrás da rue du Quatre Vents, onde morava. De repente, me vejo nu, mas parece que as pessoas não me veem nu, mesmo assim morro de vergonha, nunca sei se estão me olhando, se estão vendo e isto me angustia. Quisera ter certeza de que ninguem está me olhando e me vendo. Como saber? A sensação é de estar num panóptico e que todos me veem. Tento colocar algo sobre mim, um manto, qualquer coisa que cubra pelo menos as partes intimas. Mas, quem disse, Mancambira, vejo-me, novamente nu. no meio da multidão, que parece nem estar aí para minha nudez. Poderia perguntar, se coragem tivesse, olá, gente, vocês estão me vendo despido? Quem teria coragem? Ser descoberto, perseguido, linchado, serviciado e até morto! Se pelo pelo menos gritassem comunista, vai pra Cuba! Não, querem matar. Feliz de quem vai preso. Não sou mulher, esta pode até violar e acusar violação? Ela que se cobre, apenas com  um retalho, está querendo dizer o que? Me mate? Me diz, Zé Mancambira!