Fernandinho, não o Globo-Cia, o Baiúca, exarou a sentença. Liminar, manter Urbino na posse. Aloísio, se dizia amigo de Urbino, lhe disse ter perdido a questão, aconselhando-o a vender a terra e logo lhe arranjou o comprador, Arlindo. E assim, Aloísio ganhou comissão dos dois lados, como fazia com os processos. Estaria errado? Capitalismo, ganhar o máximo com o menor esforço, a mais valia. Que sei eu de economia? Aprendi, alguma coisa no Boulevard Arago? O IEDES? de François Perroux?
quarta-feira, 29 de abril de 2020
domingo, 26 de abril de 2020
AS MÃOS DO POVO
Quem construiu a muralha da China? E lá sei eu? Não foi um rei, não foi um imperador. Estes não movem uma pedra. Mãos invisíveis, rostos sem qualquer figura. Tu nunca saberás, eles não querem que tu saibas.
quarta-feira, 22 de abril de 2020
domingo, 19 de abril de 2020
CORONAVÍRUS
Os donos do mundo, os donos do mundo. `Stão eles sabendo algo que não contam? Caluda, Zé Mancambira, fazendo um psiu, dedo nos lábios. Que mais tu vês, Zé Mancambira? E vozes? O mesmo gesto. Nem nome, nem coisa alguma. Peixe morre pela boca, dizia o homem do Carrapato.
segunda-feira, 13 de abril de 2020
RIO DE HERÁCLITO
Ninguém se banha mais de uma vez no mesmo rio. Ouvi, sem entender, um dia, da boca de seu Walter Spinelli, alfaiate que me ensinou rudimentos de sua arte. Inda o vejo sorridente dizendo pra Badu, Adão não se vestia, porque Spinelli não existia, criando, sem querer, sua marca na arte da vestimenta. Ora, menino, você entra na água e sai, quando volta, a água não é mais a mesma. Mas, pega nesta agulha direito, como te ensinei, empurra com o dedal, não vá se furar. Donato não te ensinou isto? Certeza que sim. Bom alfaiate, lá em Capela, amigo de teu pai. Escola e tenda, à tarde, lá era tenda, não era.
sexta-feira, 10 de abril de 2020
FIM DO MUNDO
Chacona ból. Znam ten bol. També de mim. Láska, estou pleno. Händel não é mão, nem Grotowiski é grota, tampouco greta. Dixit Dominus. Zé Mancambira numa de suas cachaças: Mundo vai se acabar, não de fogo, dum bicho invisível. Nada mata, por onde passa num fica vivente, não se sabe donde veio. Os mortos, sem velório, nem enterro, queimados são. Proibidos de andar, fechados em casa, falta comida, de tudo se carece. O povo toma dos empórios e armazéns, tudo. A Força não tem mão. Faltam caixões, joga-se corpos em sacos, carregados em caminhões, ou se queimam no meio da rua, mode a pestilência. Aves e bichos passeiam pelas ruas, é até bonito. Tudo dominado por dúvida e medo. A incerteza, a única certeza, agora. O grande e o pequeno andam juntos obedecendo a uma lei inteligente que tudo comanda. Conversa de doido, diziam, mas doido tem poder de adivinhar, Antõe Cego, também profeta, replicava. N´Aroeira, Ismael diz o mesmo tanto. Todo lugar tem seu Tirésias. O mundo é cheio.
segunda-feira, 6 de abril de 2020
N´AROEIRA
Téo trazendo leite de jumenta na garrafa. Encho uma de Noite em Paris, jogo no mar, ver onde vai chegar. Ô caminhozão. Singrando na vastidão sem-fim, Achar-te-ão um dia? Saberão ler-te? Ao mundo, contarás estas estórias e dirás estou poranga, estou odara que me leiam.Verde era, quando não, vinha Zidório, leixa uma cheia, leva outra, vazia, pra despois, dia sim, dia não. Mamãe põe aroeira no leite, curar gripe e tosse. Zidório, nunca se descobriu quem te matou. Teus devedores, é certo, mas quem? Perigoso até falar.
sábado, 4 de abril de 2020
RUE DU BAC
Nissan pegou do badogue, da espingarda e foi pro mato caçar. Comer, nem que fosse uma fogo-pagô, a fome, mais feia que matar. Suzuki, bom de caça, o acompanhou, sacudindo o rabo, focinho no chão. Na catinga, perro e homem se igualam. Roubar para comer, poderia adivinhar um dia? Cão de mundo! Pois não parar na cadeia. Duzentos gramas de manteira, para a baguete, Carrefour, rue du Bac. Burro aziago, lembra-me grades e samangos, bófias insolentes. Na cabeça, a nata. Bat´isso direito, menino, não desandar manteiga. Papai Nezinho n`Ourissanga. Vovô Leôncio na Ponta Coroa gostava de bater direto na garrafa.
quarta-feira, 1 de abril de 2020
CRISTÓVÃO PENDERECKI
Fácil ser vanguarda, experimental em música. Sons e ritmos. Eu luto com letras, palavras, rebeldes por natureza. Simples compor, todo som é lindo, a palavra não. Abstrata, a música, não precisad de ser entendida, a palavra sim. Não é bem assim, Didi. Como não é bem assim, Cristóvão? Você insiste dizer meu nome em português, já disse, meu nome é Krzysztof, Krzysztof Penderecki. Calma, cara, difícil para nós, Penderecki tudo bem, mas este tal de Krzysztof é impronunciável. Então me chama Penderecki, não este nome horrível, nasalado como vocês pronunciam. Opa, você me dá razão, palavras não soam como instrumento. Cristóvããooo. Prus infas, cambada! Tou nem procês. Daqui uns dias vocês e suas músicas estarão totalmete esquecidos, enquant´outros, lembrados, estudados, homenageados. Não entendi. alguém reclamando de nossas tgeorizações. Deixa-os latir. Muita mediocridade. Até o mendigo do coito no carro com a mulher surtada. elevado aos pincaros da fama pelas redes sociais, já diz querer fugir deste mundo insano e voltar às ruas.
Assinar:
Postagens (Atom)