sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

 






                                        

                                    Não sei se há igual. Você acredita, Claudio, que haja? É tanta leveza naqueles dedos, tão simpáticos aquele sorriso, com cebeça ligeiramente inclinada e jogada pra trás, é tão suave o som que sai de seu acordeão que as pessoas não poupam adjetivos para ela. Ah, você fala de Ksenija Sidorova? Sim, Claudio, de quem mais poderia ser? Sei lá, são tantos os deuses produzidos no mundo que nem se sabe a quem adorar. Deuses não faltam para serem venerados, quando se esquece de um, outros aparecem e passamos a venerar até cansar e cair de moda. O homem se cansa fácil, se não fosse assim seria muito tedioso. Verdade. Vejo uma mulher morena, de traços que lembram a Iracema de José de Alencar trajando roupas finas de dormir e me apaixono e passo chamá-la deusa e passo a vê-la em sonhos e passo a ter ciúmes e passo a proibir de olharem-na e passo no passeio e passo no paço e passo sobre o passo e volto no passo e passo e repasso, me perco no passo do paço.  

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