Zé, te digo, Zé, o honesto, hoje, é um candidato aa morte. Da, da, por assassinato ou suicídio, da, que dá no mesmo, senão pior, porque, onde o autor de teu suicídio?
Não vi, Zé, até hoje, um suicidado, vingado. Da maneira mais vil são morridos e quem te suicidou ri e até apresentar-se ao enterro, vai. E macar eu nam tenha morrido, tive por perto, se não fora a sorte ou covardia, que na hora agá eu me aputei, amarelei. E eu que não o fizesse, pois, nem os ossos estariam aqui nest’hora.
Tempos outros. Hoje, ou tu te achegas ou…
Nunca me esqueço, o cheque no bolso ou la morte, disse o magistrado, tremendo, mas segurando o seu. Assim, foi, Mancambira, assim é, assim será. Quem? Se houvesse já o teria parado. Nem igrejas, nem seus donos. Teatro, si, distrai. Entom, bom que haja egrejas u se possa esquecer dolor, queixume e pesadio. Qu’eu finja esquecimento, mas não me sai do pensamento o fado que tiveram colegas, amigos, irmãos meus, no coração e nas ações, por defenderem o menor contra o maior e não serem vingados por um Estado que se diz de todos e iguais. Tu, Eugênio Alberto Lira, tu, Hélio Pombo Hilarião não vistes os algozes seus, julgados e apenados pelo Estado que vos prometera garantias pelo exercício da custódia da lei. Em vão, Mancambira, derramaram o sangue, seus, no deserto, no sertão. As engrenagens do poder. Ele, Mancambira, não nos quer ver alegres. O riso é afronta, a tristeza, submissão, não é assim, Deleuze?
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