sábado, 22 de abril de 2023

 




                                             Do outro lado da cerca, pelos espaços entre as flores curvas, eles estavam tacando. Quem, Faulkner? Quem estava tacando, Henrique? Do outro lado do Tanque Novo, sentados na encosta da trincheira, de terra preta, de forma que não nos vissem, com as calças baixadas até os joelhos, nós, em fileira, um ao lado do outro, também tacávamos. Tacando. Sem bandeira, nem bola, sem buraco nem taco.panoTu te lembras, Zé? Não, não te lembras, todos nós crianças, tu, homem já feito. Leonel sim, mais novo, nos dava as primeiras aulas. Um dia, foi com uma bezerra, mas a danada, muito arisca, não deixava. Ah dia! Ah vida! Barriga vazia, mulambos no corpo, mas livres, livres pra matar passarinho e comer, assado no espeto, livres pra jogar bola de pano, mesmo que o pai proibisse. 

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