Cara, odeio esta merda. Depressão. Nueche, chorando, medo, de quê? Quem me atormenta? Sensação de morte, mas não quero, nem vou morrer. Se tivesse de morrer, mataria antes um bando. A noite quase toda acordado, a manhã sonolento e lento. Só à tarde melhoro. Não choro, é por dentro que ele fica. Assim ninguém me entende. Pensam que brinco, que é má vontade. Incapaz de ver quanto tonto fico num rosto sadio. E assim vou perdendo amigos, filhos e todo elo com o mundo. Me veem como um monstro. Não o sou. Ah, que vontade de dançar um maxixe, o Corta-Jaca. Esta dança é buliçosa, tão dengosa, que todos querem dançar. Mais gostoso de dançar que de comer. Gostaria. Bruna Linzmeyer, dançar um maxixe e me cortar neste azul flamejante. Não te importes, loucuras de noites insones. Fazer-te girar em meus braços e inebriar-me nas profundezas do teu mar. Não, não quero mais do que isto. Mandar ao espaço a deprê. Os olhos, estes olhos, enxergam distorcidos, como um Van Gogh. Eles mentem. Mentem para ti. Resguarda-te de teus olhos. Aurinha de Tuninho Gomes, teus verdes me cortavam como corta a Bruna hoje. Tempo, oh tempo, que fizestes daqueles fachos gloriosos, luzindo sobre nós na Capela de Joaquim Machado? Quando o verde de teus olhos se espalhar, não quero não, fico alegre, fico triste, acaba vadiação.
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